Hatari! Revista de Cinema #05 Ficção Científica | Page 39
Batty se torna mais humano do que qualquer outro apresentado no
filme, até mais do que nós. E ao mesmo tempo em que ele aceita sua
morte, ele se sente frustrado por suas memórias – memórias reais – e sua
vida serem descartadas dessa maneira com um simples prazo de vali-
dade. Batty, aqui, está dizendo “eu sou humano”.
É em todos esses pontos que para mim o cyberpunk transcende. Tran-
scende para o nosso contexto, para a nossa sociedade e nossa época. O
cyberpunk expurga nossa paranoia contemporânea que tenta desesperad-
amente responder a questões vagas e frustra ao não nos dar nenhuma re-
sposta, nem daqui três ou treze anos. Quem somos nós? O que nos torna
diferentes uns dos outros? Qual o limite entre aquilo que é real e aquilo
que é mentira? O que nos define como humanos? O que valida a nossa
existência?
Se robôs se fazem essas mesmas perguntas, o que isso te torna?
Por Hanna Esperança
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