Hatari! Revista de Cinema #05 Ficção Científica | Page 36

Blade Runner( Ridley Scott, 1982) se passaria daqui três anos, em 2019 assim como Akira( Katsuhiro Ôtomo, 1988). Ghost in the Shell( Mamoru Oshii, 1995) daqui treze, em 2029. Todos esses filmes cyberpunks tentaram em sua época prever o futuro em que vivemos hoje da forma mais pessimista e suja que poderíamos imaginar. E eles não erraram. Tire os carros voadores, os androides que se parecem com humanos e a vida no espaço e você ainda tem o mesmo mundo caótico e claustrofóbico do gênero. Acho que é por isso que estou aqui escrevendo novamente sobre ele. O cyberpunk sempre me pareceu algo muito palpável e assustadoramente possível, e a nossa realidade uma versão menos romantizada e elegante dele, como alguém uma vez disse.
High tech, low life 2 é como o cyberpunk se define. Um mundo tomado pela tecnologia do mais alto padrão onde todos, de uma forma ou de outra, têm acesso, mas ainda existe uma parcela de pessoas que consegue apenas sobreviver. A qualidade de vida versus a necessidade desenfreada do tecnológico. Reconhecível? Mas o cyberpunk não é só um estudo sociológico da época em que surgiu e uma previsão do que viria a acontecer, é também um estudo filosófico sobre identidade. Isso está presente em todas as obras do gênero das quais eu consigo me lembrar, desde a literatura de William Gibson e Philip K. Dick até os animes como Serial Experiments Lain( Ryutaro Nakamura, 1998), Parasite Dolls( Kazuto Nakazawa e Naoyuki Yoshinaga, 2003) e Ergo Proxy( Shukô Murase, 2006). Mas talvez seja em Blade Runner e, mais tarde, no anime Ghost in the Shell que o assunto é tratado de forma mais sensível e profunda.
Blade Runner acompanha a história do ex-caçador de androides Deckard( Harrison Ford) que tem como missão eliminar – ou aposentar – seis replicantes, seres construídos fisicamente idênticos aos humanos, mas mais ágeis e fortes. Já em Ghost in the Shell o foco é na policial ciborgue Major Motoko, que junto com seus parceiros da Seção 9 precisam capturar um hacker intitulado The Puppet Master 3 que está invadindo o ghost 4 de pessoas importantes do governo e as manipulando.
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Mais humano que um humano é o nosso lema- fala de Tyrell em Blade Runner.
2
Alta tecnologia, baixo nível de vida.