Hatari! Revista de Cinema #05 Ficção Científica | Page 20

20 O que me fez assistir a The Bed Sitting Room (Richard Lester, 1969) foi seu elenco. O período de ouro da sátira inglesa tem nomes incríveis e um dos maiores conglomerados desses, em película, está nesse filme. Pe- ter Cook, Dudley Moore, Spike Milligan, Harry Secombe e Marty Feld- man estão entre eles. Fui esperando ver um filme no mínimo incrível, mas dei de cara com um filme no mínimo estranho. Ainda bem. Pode parecer que o filme existe somente na ideia de 20 pessoas tentando ser britânicas em uma Londres pós-apocalíptica. Da primeira vez que o assisti, realmente me pareceu que era somente isso que eu poderia falar sobre o filme sem ficar simplesmente descrevendo cenas e gags. Na primeira vez que vi o filme, me decepcionei. Na segunda, de- scobri coisas que ansiei ter visto na primeira. Não sei se minha demora para fazer esse reconhecimento foi culpa do filme ou minha. Imagino que o filme carregue pelo menos uma parcela da culpa, mas não acho que por isso ele seja ruim ou falho. Talvez ele seja um filme de redescoberta, um filme cujo impacto só vem depois do contato inicial. Existem pessoas e situações que se revelam assim, então por que não filmes? Sinto que na primeira vez tive um contato com uma primeira camada do filme (camada essa não necessariamente superficial, mas definitiva- mente mais tateável que a segunda). Nela reside, entre outras coisas, o humor satírico, britânico por excelência. Esse humor, vindo da tentativa dessas 20 pessoas de serem britânicas em um mundo destruído, é o que tem de mais visível no filme. A BBC é um homem com um terno que só existe até pouco abaixo do peito - o suficiente para encaixar em moldu- ras de TV para “transmitir” as notícias - e os 20 sobreviventes cantam