Curiosidades
Todo o contexto da Guerra de Canudos será retratado em diversos meios de comunicação, incluindo cinema, livros e jogos. Nos anos 60 com a vinda do “Cinema Novo Brasileiro”, que buscava uma ruptura com a cinematografia anterior pautada segundo eles em uma narrativa estética e com um discurso alienante. Surge um dos clássicos brasileiros mudaria a história de se contar narrativas, O Deus e o Diabo na terra do sol dirigido por Glauber Rocha em 1963, em pleno golpe militar.
Apesar de ser dirigido nesse período, o filme traz um Brasil com o viés mais identitários retomando assim algumas décadas anteriores. Nela é possível ver a relação complexa e perspicaz da religião e o poder no sertão e o uso da violência, a serviço de um ou de outro, ou de ambos. A história gira em torno do casal Manuel e Rosa, explorando sua condição social, seu universo simbólico (religião, cultura), assim como o dialogo com os movimentos revolucionários no sertão: messianismo e o Cangaço. O interessante de se notar é que o filme não tem uma preocupação com o detalhamento histórica, porém utiliza de várias metáforas condizentes a Guerra de Canudos para os aspectos ontológicos do movimento messiânico e do Cangaço, justamente para desprender a narrativa do tempo e mantê-la apenas no lugar (o sertão).
Outro filme que retrata o acontecimento é a Guerra de Canudos, dirigido por Sérgio Rezende, nela o cineasta narra os acontecimentos históricos que aconteceram no período e como muitas pessoas foram afetadas pelo movimento messiânico liderado por Antônio Conselheiro. A representação da terra no filme é muito interessante de se notar, num primeiro momento temos o sertão como paraíso, qual tudo é perfeito e belo, que representa uma pureza e justiça que deve ser preservada. Em um segundo momento temos o sertão representado como inferno, qual temos o destempero da natureza, o desespero dos que por ele perambulam (retirantes, cangaceiros, volantes, beatos), a violência como código de conduta, o fatalismo, são os principais traços apontados. E por último temos o sertão como purgatório, em que é um lugar de passagem, de travessia, definido pelo exercício da liberdade e pela dramaticidade da escolha de cada um, identificado como lugar de penitência e de reflexão, o sertão aparece como o reino a ser desencantado e decifrado.