Governança Democrática - 3ª Edição | Page 47

dade e procura-se reduzir ao mínimo seu custo, sem distinguir as tarefas em que o funcionalismo é essencial – planejamento, organização, controle, avaliação de recursos públicos e programas – daquelas que não são, como gestão de serviços, think tank, pessoal de apoio etc. Tudo isso leva ao descrédito e ao ocaso da função pública e do valor da institucionalidade, que é, segundo o Prêmio Nobel de Economia, Douglas North,2 o que gera confiança e colaboração na sociedade civil e em sua relação com a administração, fator essencial de desenvolvimento. Junto com a perda de peso específico, da desvalorização da política e das instituições que dão sustentação à continuidade do mesmo paradigma de governo, existe um terceiro elemento: a perda da participação cidadã ou o aumento de conflitos entre a sociedade civil e os governos locais. De fato, o modo de governar centrado na oferta de recursos à cidade e o tratamento do cidadão como cliente ao qual se deve oferecer, em épocas de bonança fiscal, tudo o que puder, inclusive o que não foi pedido, a participação e a consulta à cidadania é entendida em seus aspectos de apenas recolher sugestões e propostas para elaborar e avaliar as políticas financiadas com fundos públicos, ou para dispor de carteiras de serviços para oferecer posteriormente à própria cidadania. Este sistema de gestão fomentou uma cidadania não comprometida com a cidade e permanentemente insatisfeita com a atuação municipal, uma vez que apenas faz demandas e não se responsabiliza com a cidade e o seu futuro já que sempre o delega a instituições públicas. 2 Ver a entrevista de Douglas North à Perspectiva (Mundo), n. 5, p. 31 a 35. Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades 45