Governança Democrática - 3ª Edição | Page 210

A gestão relacional ou de redes, própria da governança, posiciona os governos locais em uma situação ímpar para ser o governo protagonista desta nova arte de governar. Dito de outro modo, o local pode ser o nível de governo característico e chave do modo relacional de governar. Porém, dispor de oportunidades não significa que elas sejam aproveitadas. A identificação deste novo papel e as condições para o seu aproveitamento são tratadas neste capítulo. As condições de êxito do nível local Há muitas décadas que são conhecidos na Europa os fatores de êxito de um governo local, ainda que os outros níveis de governo insistam em não reconhecê-los. Em 1986, em plena emergência do modo gerencial de governar, Margaret Tatcher encomendou um estudo sobre a eficácia dos governos locais na Inglaterra para a gestão dos serviços de assistência social. O objetivo da ilustre governante era poder demonstrar que a fragmentação municipal era um inconveniente a superar, e que uma maior eficácia na gestão justificaria a centralização de tais serviços. Com estes propósitos, encarregou um reconhecido gestor de centros comerciais, Sir Roy Griffiths, para fazer o informe. O Informe Griffiths, ao contrário do que se supunha, recomendou o reforço dos governos locais. Considerou-se, no Informe, que eles eram o nível mais adequado para gerir as políticas de assistência social. As razões que expôs não podiam ser mais emblemáticas: • Os governos locais, por estarem mais próximos do ambiente onde vivem as pessoas, são os que melhor podem identificar suas necessidades. Note-se que não é uma proximidade física, mas das relações entre as pessoas e comunidades com seu entorno social e territorial. 208 Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades