A visão da mulher perpassa a cidade em sua totalidade.12 Os
espaços públicos, a moradia, a mobilidade, a assistência social e
a saúde, a educação e a cultura, o turismo... tudo é repensado
a partir do seu ponto de vista. Estamos diante do posicionamento mais amplo e integrador que um movimento social
jamais fez sobre a cidade, justamente pela ampla diversidade de
“papéis” que as mulheres assumem na cidade: estudante, trabalhadora, mãe...
Por outro lado, a visão da cidade, a partir da perspectiva das
mulheres, integra outros pontos de vista sobre a mesma. Este é o
caso da cidade das crianças formulada pela pedagogia ativa; em
sua condição de mãe e educadora, a mulher assume a postura de
forjar a cidade a partir da condição dos meninos e meninas.
Ela também assume as posições sobre a acessibilidade
defendidas pelo movimento urbano protagonizado por
pessoas portadoras de necessidades especiais, ao coincidir no
tempo as necessidades de mobilidade de todas as mulheres no
período de gestação e maternidade com as das pessoas com
problemas físicos. Assume, igualmente, as políticas por mais
bem-estar e autonomia dos idosos, em razão da sensibilidade
derivada do seu papel de guardiã da família, que a divisão
social do trabalho lhe impôs.
A emancipação das mulheres e, em especial, os avanços na
igualdade de gênero em que o homem também assume novos
papéis e perspectivas, contribuirão sem dúvida para o fato de
que tanto mulheres como homens assumam um projeto de
cidade mais equilibrada, acessível, sustentável e equitativa, isto
é, um projeto de cidade de todos.
A Cidade do Conhecimento pode encerrar o ciclo que se
iniciou logo depois que as mulheres inauguraram as civilizações,
o fim da era patriarcal. Porém, o mais certo é que hoje as
12 Ver as conclusões do I Congresso das Mulheres de Barcelona. Prefeitura de
Barcelona.
Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades
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