Governança Democrática - 3ª Edição | Page 143

Porém, é necessário dedicar uma seção específica ao que, sem dúvida, é o processo de mudança mais importante nas relações sociais que atualmente está acontecendo nas cidades do Ocidente: a chamada revolução das mulheres. Trata-se de uma revolução pacífica, profunda e perseverante que está revolvendo as relações de autoridade e poder que se assentam e se reproduzem nos espaços da vida cotidiana em nossas cidades. O aparecimento da cidade está intrinsecamente ligado ao papel da mulher. As cidades surgiram por volta do ano 7000 a.C., sendo consideradas as primeiras Catal Huyuk, que se situava perto do Irã e Iraque, e Jericó, atualmente na Palestina. Na cidade, zona de intercâmbio de objetos entre nômades e caçadores, como pontas de lança e peles, nasceu a agricultura, que fixou a população e cujos produtos também passaram a ser objeto de comércio. A cidade cria a agricultura e, portanto, a civilização. Entretanto, a origem da agricultura e da cidade como promotora da civilização é a mulher. Eram as mulheres que se dedicavam à colheita e conservação de alimentos, que começaram a plantar e inventaram a agricultura, permitindo assim sustentar o crescimento demográfico das primeiras cidades. Nestas, não houve patriarcado e a principal protagonista foi a mulher.11 Esta deixou de ter um papel relevante quando a agricultura se estendeu para fora das cidades e se converteu na atividade dominante. Foi quando, então, apareceu o patriarcado, contemporâneo em muitas sociedades primitivas do aparecimento da exploração. Desde então, a história do autoritarismo, da repressão e exploração se relaciona à dominação da mulher pelo homem. 11 Ver SOJA. Edward W. La mujer dominó las primeras ciudades. Entrevista em La Vanguardia, 8/8/2001. Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades 141