A globalização corresponde a um processo socioeconômico cujas principais características são a maior integração entre os países e pessoas do mundo todo, estabelecendo ganhos nos setores de comunicação, transporte e transações comerciais.
Ademais, a globalização é elitista, ou seja, atua como um divisor de águas entre os detentores de capital e os não-detentores, de modo a intensificar também desigualdades e exclusão social.
Em primeiro lugar, a globalização tem por base o sistema capitalista, arduamente defendido pelo liberal Adam Smith, e prega, acima de tudo, a valorização de cada indivíduo da sociedade de acordo com seu poderio financeiro e capacidade de influenciar os elementos ao seu redor e tornar-se um elemento de destaque.
O problema reside justamente nesse ponto: as perspectivas de enriquecimento dependem de fatores como herança familiar ou alguma característica que seja considerada um diferencial, como a destreza de realizar negócios e manipular números, o que, por sua vez, significa que a imensa maioria não desfruta da mesma.
Assim, os ricos e igualmente poderosos ficam ricos justamente às custas da exploração das classes inferiores (que correspondem à maioria social), nas quais as possibilidades de ascensão, ainda que existentes em teoria, são bem pequenas.
Desse modo, a manutenção do “status quo” da globalização funciona como um parasita que se aproveita das diferenças e desigualdades pré existentes a fim de beneficiar um pequeno grupo.
Não obstante, o sentimento de exclusão das camadas populares por ela causado contribui para o agravamento da violência, visto que os que não conseguem introduzir-se no sistema pela ausência de capital, vêem nos assaltos e afins uma possibilidade alternativa.
Quanto às camadas intermediárias, trabalham constantemente visando obter dinheiro o suficiente para comprar as novidades tecnológicas que surgem a cada dia, sem nunca atingir um nível de satisfação, e a visão comprada é a de que os países desenvolvidos como as nações européias representam o ideal inatingível.
Isso significa que surgem, em meio às diferenças, um desejo de homogeneização segundo padrões estereotipados como superiores, assim como ocorreu no passado.
Isso implica em uma complexa situação: as relações internacionais previstas pela globalização são baseadas em uma hierarquização, e as trocas culturais são, de fato, uma farsa.
a perversidade da
globalização
globalização são baseadas em uma hierarquização, e as trocas culturais são, de fato, uma farsa.
A troca não existe, pois a relação é unilateral, mas um dos mais preocupantes aspectos refere-se ao modo que a real globalização é acobertada, alienando as engrenagens nelas contidas, crentes no benefício pessoal quando na verdade são apenas peças de um jogo muito maior.
A globalização gera sim uma elevada movimentação de capital, mas de nada adianta se o mesmo não é revertido em benefícios para um todo, concentrando a renda e o poder nos governantes por ela envolvidos, assim como nas multinacionais já fortes, tornando praticamente nula as chances de crescimento e desenvolvimento do coletivo e de novas companhias.
Assim como afirma Almeida Garret no clássico “Viagens na Minha Terra”, o mundo hoje é ditado por uma visão Sancho Pança materialista, porém quem sabe um dia não ascenda a visão Dom Quixote, estimulada por ideais e pela luta por uma sociedade mais igualitária, hoje inexistente.
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