Fraternidade. Releitura civil de uma ideia que pode mudar o mundo FRATERNIDADE_MANIERI | Page 115
Fraternidade. Releitura civil de uma ideia que pode mudar o mundo
defensores da reductio ad absurdum da sociedade ao mercado
também parecem sem esperança no atual contexto. Com efeito,
a ideia da insuperabilidade do capitalismo e do desenvolvi-
mento como produto exclusivo e absoluto do mercado está se
revelando há tempos uma ideia “mais próxima da teologia do
que da realidade econômica”. 6
Daí a exigência de voltar a refletir sobre a teoria de Marx
e de fazê-lo fora da dogmatização e da utilização política que
de seu pensamento foi feita pelos movimentos que o tiveram
como referência.
Livre das imagens deformadas e instrumentais, o interesse
por Marx emerge, sobretudo, em relação à análise voltada para
delinear os princípios dinâmicos do capitalismo que, com base
em mecanismos internos, gera crises periódicas, potencialmente
capazes de mudar o sistema.
Parece estarmos numa fase da qual, fracassado o socialismo
real e passado o efeito dos fundamentalismos liberistas, políticos
e econômicos, ninguém sabe com certeza como sair. No hori-
zonte não parece haver nenhuma alternativa e não se pode nem
mesmo excluir “a possibilidade de desintegração ou até de
colapso do sistema existente”. 7 Também por isto deve-se “consi-
derar Marx seriamente” e “voltar a um grande pensador essen-
cialmente crítico em relação tanto ao capitalismo quanto aos
economistas, que não souberam prever até onde levaria a globa-
lização capitalista, tal como ele previa em 1848”. 8
Apesar das mudanças radicais e das novidades que se suce-
deram com grande rapidez, o que Marx submete a crítica é ainda
nosso mundo, o mundo do “modo de produção capitalista”, em
6 Hobsbawm, Come cambiare il mondo, cit., p. 18.
7 Idem, p. 147.
8 Ibidem.
113