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"O julgamento e a condenação das pessoas sobre aquilo que diz respeito única e exclusivamente à vida privada de alguém, fere muito mais."

O professor Edmon Neto de Oliveira de 28 anos, confessa como percebeu a atração pelo mesmo sexo e fala sobre as partes mais difíceis em se assumir homossexual, como a sociedade vê e julga tudo isso.

1-Quando foi que você percebeu que era homossexual?

A condição da homossexualidade normalmente aparece desde a infância e comigo não foi diferente. Desde sempre, nunca me encaixei totalmente nos padrões que nossa sociedade imprime para os meninos e as meninas, ou seja, ao mesmo tempo em que eu brincava de bola com os garotos, brincava também de casinha e com bonecas com minhas irmãs, sem que uma coisa excluísse a outra. No entanto, foi na adolescência, fase em que o corpo está em transformação, que a atração pelo mesmo sexo ficou clara para mim, embora durante muito tempo eu tenha lutado contra o desejo físico, acreditando falsamente que um dia eu iria me apaixonar perdidamente por alguém do sexo oposto. Doce ilusão!

2- Já sofreu ou sofre algum tipo de discriminação ou algo do tipo por ser homossexual? Se sim, conte-nos alguma situação pela qual tenha passado.

Infelizmente, discriminar é um ato institucionalizado em nosso país. Já sofri discriminação e sinto que ainda hoje ela está presente e até mesmo escancarada na concepção conservadora em ascensão, mas de maneira geral ela se manifesta através de um preconceito velado, que é aquele em que a pessoa insiste em afirmar que “não tem nada contra”, mas não suporta a presença de um homossexual, sobretudo se ele for considerado “caricato”, ou “que dá pinta”, ou “que não é discreto”. Durante a adolescência senti na pele o que é ser um gay de cidade pequena: as pessoas taxam de viado, de bicha, de sapatão, pois não aprenderam ainda a conviver com a diversidade, ou ainda se apegam a um discurso fundamentalista religioso que condena os gays via seleção de versículos do velho testamento. “Homem não abaixa as calças pra outro homem”, dizia minha mãe, que sempre soube de tudo. Foi cruel lembrar disso até o momento em que me assumi, mas o julgamento e a condenação das pessoas sobre aquilo que diz respeito única e exclusivamente à vida privada de alguém, fere muito mais.

discriminação e sinto que ainda hoje ela está presente e até mesmo escancarada na concepção conservadora em ascensão, mas de maneira geral ela se manifesta através de um preconceito velado, que é aquele em que a pessoa insiste em afirmar que “não tem nada contra”, mas não suporta a presença de um homossexual, sobretudo se ele for considerado “caricato”, ou “que dá pinta”, ou “que não é discreto”. Durante a adolescência senti na pele o que é ser um gay de cidade pequena: as pessoas taxam de viado, de bicha, de sapatão, pois não aprenderam ainda a conviver com a diversidade, ou ainda se apegam a um discurso fundamentalista religioso que condena os gays via seleção de versículos do velho testamento. “Homem não abaixa as calças pra outro homem”, dizia minha mãe, que sempre soube de tudo. Foi cruel lembrar disso até o momento em que me assumi, mas o julgamento e a condenação das pessoas sobre aquilo que diz respeito única e exclusivamente à vida privada de alguém, fere muito mais.

3- Em sua opinião, você acha que os homossexuais são realmente inseridos pela sociedade?

O gay considerado discreto, sim. Travestis, transexuais e pintosas de maneira geral esbarram num problema que talvez anteceda (no sentido da condição humana) a causa LGBT: o fato de explicitarem sua porção mulher. São espancados e mortos porque deixaram aflorar a mulher que existe neles. Hoje, pleno 2016, a expectativa de vida de uma travesti no Brasil gira em torno de 35 anos! Nesse sentido, quando fala-se em