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Sociedade Rosas de Ouro, do nascimento ao apogeu A história de umas das mais tradicionais organizações carnavalescas da cidade de São Paulo Pedro Ribeiro Fundada no ano de 1971 por quatro amigos, a Socie- dade Rosas de Ouro é uma das maiores escolas de samba de São Paulo. Sua quadra é considerada a mais bem es- truturada da cidade. Foi cria- da sem muitas pretensões, apenas com o objetivo de animar as partidas de futebol do Glorioso da Brasilândia, time de várzea do bairro, po- rém hoje é um dos pontos de referência da região e atual- mente é sediada no Bairro da Freguesia do Ó. Os fundadores são José Lu- ciano Tomás da Silva, João Roque "Cajé", José Benedito da Silva "Zelão" e o Eduardo Basílio, que foi presidente da escola até 2003. Seu primeiro desfile foi no mesmo ano da sua fundação. Na última década, cada ano teve um momento mar- cante na história. Em 2007, ofereceu ao público um des- file considerado tecnicamente perfeito, mas infelizmente o enredo não agradou tanto aos jurados, o quê a deixou em segundo lugar. Em 2008, teve como tema o perfume das Rosas, que a deixou apenas 0,25 pontos da então campeã, Vai-Vai. Em 2009, completou quinze anos sem nenhum tí- tulo, na tentativa de reverter Foto: Raul Machado Quadra da Sociedade Rosas de Ouro à situação, a escola utilizou o enredo "A fábrica de Sonhos" e ficou com o terceiro lugar. 2010 foi um ano inovador, se escolhe como tema o cacau e recebeu apoio da empre- sa Cacau Show, assim, pela primeira vez, foi campeã no desfile de escolas se samba da cidade de São Paulo, com a nota máxima de duzentos e setenta pontos. Em entrevista com a presi- dente da escola, Angelina Ba- sílio, que está há 46 anos nessa área, a mesma ressaltou o seu maior projeto social, “Samba se Aprende na Escola”, criado em 1995. Onde crianças de rua vão para a quadra para receber amparo e alimentos, além de oficinas voltadas para as atividades internas, onde são ensinadas todas as ativi- dades inclusive as do sambó- dromo. Existem também, cur- sos profissionalizantes, como informática e RH, ministra- dos em parceria com o Senai. Segundo a presidente, a escola também possui diversos pro- jetos em conjunto ao Governo do Estado, como o “Viva-Lei- te”, que distribui leite para as famílias carentes da região. Angelina também ressalta os trabalhos de assistencialis- mo, como o oferecimento de cestas básicas, o “Recreio nas Férias” e provavelmente um dos mais diferenciados da ci- dade, a ala inclusiva, que des- fila todo ano com a APAESP (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de São Pau- lo). E, por fim, um dos mais novos e mais bem avaliados, “Chefinhos especiais” onde crianças portadoras da sín- drome de Down aprendem a cozinhar com o Chefe de Co- zinha, Henrique Fogaça. “A escola é uma escola tra- dicional, que abraça enumeras famílias, já estamos na 4ª ge- ração, bisavós, avós, mães e pais e, seus filhos, que além de ter muita diversão e lazer aprendem muita história e folclore do Brasil, afinal tudo ano isso faz parte da temática do desfile”, afirma a presidente sobre a importância da Rosas de Ouro. É nítida a importância da escola para o bairro e região. No entanto, a opinião sobre ela diverge entre os moradores vizinhos. Para a consultora de vendas, Emanuela Rodrigues, 31, os eventos realizados são “legais e até participaria se ti- vesse oportunidade”. “Isso não interfere para mim. Talvez se morasse 'colada', iria me in- comodar com o barulho nas noites em que estivesse em casa, mas no meu caso não interfere”, respondeu a mo- radora sobre o fato de residir próxima à quadra. No entan- to, nem todos os moradores do entorno pensam assim. Para o técnico de informáti- ca, João Gabriel Ovalle, 31, os eventos realizados são chatos. João reside no bairro desde a sua infância e, segundo o ele, por não gostar de samba nun- ca participou de nenhum dos eventos realizados pela escola, porém ainda considera boa a sua relação com ela. Centro cultural Salvador Ligabue leva entretenimento e diversão ao bairro Espaço no bairro Freguesia do Ó oferece diversos eventos à população Antônio Monteiro A população da Freguesia do Ó, carente de recursos e pas- seios culturais acessíveis, pode contar com o Centro Cultural Salvador Ligabue. Inaugurado em 1993, oferece aos morado- res da região, shows, cursos, oficinas e eventos. O espaço é coordenado pela jornalista e servidora pública, Nina Liesenberg, 34, que afirma que o local é composto por salas, salão de festas e teatro com capaci- dade para 120 pessoas, onde são realizadas apresentaçãoes teatrais gratuitas ou a preços populares. Anualmente ocor- re a Virada Cultural, organi- zada pela Prefeitura de São Paulo, onde são apresentados shows diversos e gratuitos. Quando há dias ociosos no centro, o espaço é cedido para palestras da saúde e ou- tras atividades da prefeitura, de acordo com a coordena- dora, Nina. A divulgação dos eventos, segundo a coordenadora, é realizada pelo Facebook, jor- nais do bairro e no próprio mural do centro cultural. Existem eventos minis- trados mensamente, dentre eles, "Todos sertanejo sem mistura" e o "Bre shopping". E também bimensais, como o "Sarau do Ó". Foto: Wagner Alves Casa de Cultura Salvador Ligabue Pág.3