CAPÍTULO PRECIOSO
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Como exemplo da poesia
e lirismo da produção de
arte brasileira, os anos 60
a 90 foram riquíssimos
em criação de cultura e
construção de conhecimento
e estilos. Na música, a Bossa
Nova, o Tropicalismo.
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Como exemplo da poesia e lirismo da produção de arte
brasileira, os anos 60 a 90 foram riquíssimos em criação de
cultura e construção de conhecimento e estilos. Na música,
a Bossa Nova, o Tropicalismo e nos anos 90, o início da
tecnologia nas artes em geral. As joias dos anos 60 e 70
foram a estrita representação dos pensamentos, sentimentos e
desejos da época. Eram cheias de significados e, muitas vezes,
tinham pouco valor intrínseco.
Na seara da moda, as roupas acompanharam as mudanças
socioculturais e definiram estilos de grupos da sociedade.
A partir da internet se tornou quase desnecessário construir
um estilo, pois tudo pareceu já ter sido feito e estar à
disposição para escolha de cada um. Então, como está a
estética e a personalidade?
A preocupação estética hoje é completamente diferente. A
arte remete a críticas, protestos, sexualidade, agressividade e
códigos indistintos. Aquela poética das artes, cheia de lirismo
e delicadezas não existe mais. Mas, a joalheria manteve toda
poesia, delicadeza e até o lirismo.
Os padrões de beleza não identificam mais parcelas da
sociedade. E onde se encaixa a joia genuína nesse cenário?
Como conseguir o status de objeto de arte e de desejo, nesse
momento tão diferente da sociedade?
A joalheria, assim como as demais artes, se encaixa
completamente nas “necessidades da alma”, o significado
sentimental, no secreto, na mensagem pessoal, na
valorização do individual.
A beleza, a qualidade e a inovação não são mais suficientes
para atrair olhares para a joia, esse objeto tão expressivo.
Somos seres solitários e precisamos de histórias, motivações,
carecemos de criar vínculos e memórias. Necessitamos
construir nosso tesouro pessoal semântico.
A joia é o melhor canal para isso.
Autora do livro “A Joia: História e Design” (editora Senac em segunda edição),
Eliana Gola é formada em Artes Plásticas pela FAAP e também é especialista em
Design Gráfico e mestre em Design – Desenvolvimento de Produto pela FAU-USP.
Complementou seus estudos em Design de joias e joalheria no Istituto Lorenzo di
Médici, em Florença, IT. Atualmente é professora na Fundação Armando Álvares
Penteado – FAAP, e também atua como Designer e Consultora
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