certificada como gema orgânica, a jarina vai poder ser usada
em joias com ouro, folheados e bijuterias finas sem distinção.
Vale ressaltar que a jarina aceita polimento, facetamento tipo
cabochão, esculturas e fresamento (Figura 4).
Sua composição é tão inusitada que pesquisadores
da UFPA identificaram minúsculos cristais (SiO2) na
composição juntamente com celulose. A jarina vem
também ganhando conotação científica e comercial e
permitiu que o professor da UFPA, Prof. Marcondes Lima
da Costa, lançasse o livro “Jarina, o Marfim Vegetal da
Amazônia” com informações valiosas sobre esta semente.
Figura 4. Jarinas esculpidas na máquina CNC prontas
para compor joias.
Escamas de Pirarucu
Figura 6. Colar feito da
palha do Buriti e com
pingentes em ouro 18K e
topázios azuis (Designer
Selma Montenegro).
Figura 5. Par de brincos feitos com escamas
de pirarucu, ouro branco e diamantes negros
(Designer Maurício Favacho).
As escamas do pirarucu (Arapaima Gigas) podem chegar
até 10cm (Figura 5). Trata-se do maior peixe de água doce
podendo chegar até 200kg e medir até 3 metros. O pirarucu
é um peixe amazônico que existe em mananciais naturais,
sendo também criado em cativeiro. O mais interessante deste
peixe é que suas escamas evoluíram ao longo dos anos em
dureza, tornando-se uma verdadeira proteção contra um dos
maiores predadores dos rios amazônicos, a piranha. Essa
propriedade faz destas escamas uma excelente matéria-prima
para compor biojoias e joias com metais preciosos e pedras
preciosas. A escama do pirarucu é tão resistente que existem
até mesmo estudos apontando como matéria-prima para
coletes a prova de bala. Pesquisadores da área de ciência
dos materiais do Instituto Militar de Engenharia mostraram
que a estrutura das escamas do pirarucu é um compósito
que consiste em uma camada externa mineralizada com
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corrugações superficiais e uma base colagenosa interna
e suas análises químicas por difração de raios X (DRX)
revelaram que a superfície externa da escama contém o
mineral hidroxiapatita o que faz deste um potencial material
para ser considerado uma futura gema orgânica para uso
pela indústria joalheira.
A fibra da palha do buriti é uma excelente matéria-prima para
biojoias. Ela é extraída das folhas novas, ainda fechadas, da
palmeira buriti. Nas mãos de hábeis artesãs surgem bolsas,
chapéus, toalhas de mesa, redes, sandálias e bijuterias finas. Na
Amazônia, sua associação com o ouro veio através do programa
Polo Joalheiro do Pará que visa agregar maior valor aos produtos
de joalheria do estado. Embora seja uma fibra típica do cerrado
brasileiro, na Amazônia os buritizais estão localizados no nordeste
do estado, nas proximidades do município de Abaetetuba.