Isabel Cristina Pires
Aquele riacho que no fim do inverno leva água , as oliveiras que tocam umas nas outras e parecem inúteis para os pássaros , uma estampa na casa da praia – a desfigurada mona lisa – as janelas por onde olhei , sempre a minha cara em tantíssima janela , aquela camisola – sim , de gola alta , com o símbolo dos jogos olímpicos - as estrelas no verão solar , os cadernos manuscritos com imbecilidades , as hidrângeas roxas à chuva , aquele rapaz alourado no refeitório em Harvard , postais , fotografias , empurrões no metro , as tílias e o mar , um ou outro encontro azul num desses museus empertigados , laranjas que brilham no fundo de uma escada , pegadas de lama no corredor , chap , chap , chap os objectos surpreendentes de uma loja de ferragens , os filmes a cor , mas sobretudo a preto e branco , todos os livros ,
em que é que me tornaram ?
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