momentos perdidos e irrecuperáveis, negados
pelos momentos negativos onde nos sentimentos
subestimados, mas como a lembrança de que
seremos sempre dignos do nosso mérito
independentemente do que acontecer
posteriormente. Há que distinguir e escolher as
nossas memórias conforme os eventos fortuitas do
presente. Há que aproveitar os nossos autênticos
contemporâneos, a coexistência com as ideias e as
pessoas que nos libertam da parte da memória que
se revela infrutífera. O rapaz levantou-se
repentinamente, reparando que o nascer do sol se
aproximava. Quando o desconforto e a debilidade
que sentia desvaneceram, entrou em casa e bebeu
um expresso duplo sem açúcar. Esperou que
arrefecesse, lentamente, e sentiu a chávena quente
nas mãos. Sentou-se no cadeirão ao lado da
televisão e bebeu metade de uma vez. As
memórias que tinha e que se transformaram num
sentimento de nostalgia eram nada mais que a sua
humanidade a ser revigorada pela lembrança de
instantes, diálogos e sentidos aparentemente
amargos, mas verdadeiramente profícuos para o
seu autoconhecimento.
44