Fluir nº 11 - Abril 2023 | Page 14

iguais ao esquecimento , um dormir sem história . No escuro , em forma de som , chega-me um soluço , o agitar de um corpo nos lençóis , um chamamento , as palavras confusas de um sonho , uma ponta de febre que me deixa alerta e em pé . As horas passam . Está vento , oiço ao longe os espanta-espíritos que tilintam na varanda , peças de madeira e metal , sons que me fazem lembrar as Noites Escaldantes , o belo filme de Lawrence Kasdan .
11 . Por norma , o coração recolhe-se . Não o oiço , não o sinto . Estou a falar da máquina que bomba sangue e não sentimentos , como o define Monge , uma personagem da Balada do Mar Salgado , a maravilhosa banda desenhada criada por Hugo Pratt .
12 . Por agora , o amor que não era eterno vai ficando . Já vi a primeira amendoeira em flor e sinto que a primavera não tarda . Há pássaros por todo o lado , cantorias diversas , tantos sons ...
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JOANA PONTES 11.03.23