Fluir nº 1 - setembro 2018 | Page 28

Fluir nº1 - Renascimentos - 2018 Substituição de Gerações Literárias Miguel Real 1. INTRODUÇÃO Do ponto de vista da historiografia do romance em Portugal, tem-se assistido, na segunda década do século XXI, sobretudo nos dois anos referidos, a um duplo movimento: – 1. A consolidação e a estabilização dos autores emergidos nas décadas de 70 e 80 cuja obra se tornou vinculativa da historiografia do romance português do final do século XX e princípios do XXI. Referimo-nos a António Lobo Antunes, Lídia Jorge, Mário de Carvalho, Mário Cláudio, Teolinda Gersão, Nuno Júdice, Rui Nunes, João Melo, Hélia Correia e outros, que se juntaram a autores mais antigos, como Agustina Bessa- Luís, Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa e outros; 28 – 2. Um conflito mudo por uma certa hegemonia nos media e nos festivais literários entre autores provindos da década de 80 e 90 e novíssimos autores emergidos já este novo século. Referimo-nos, no primeiro caso, a autores como Mafalda Ivo Cruz, Julieta Monginho, Filomena Marona Beja, José-Alberto Marques, Ana Teresa Pereira, Francisco José Viegas, Jaime Rocha, Domingos Lobo, Carlos Vale Ferraz, João Paulo Guerra, José Martins Garcia, Fernando Sobral, Fernando Esteves Pinto, Inês Pedrosa, Manuel da Silva Ramos, Ana Cristina Silva, Mário Máximo, Possidónio Cachapa, Patrícia Reis, Maria Manuel Viana, Luísa Costa Gomes, Manuel Jorge Marmelo, Rui Zink e outros. No segundo caso, referimo-nos a autores como José Luís Peixoto, Gonçalo M. Tavares, João Ricardo Pedro, Ana Margarida de Carvalho, Patrícia Müller, Valter Hugo Mãe, Paula de Sousa Lima, Valério Romão, Pedro Vieira, Rui Vieira, Bruno Vieira Amaral, Alexandra Lucas Coelho, João Tordo, a série de autores vencedores do Prémio Leya e do Prémio Agustina Bessa-Luís e outros. No romance histórico, sucede exactamente o mesmo, a morte de Fernando Campos e de João Aguiar deixou emergir três novos autores, João Paulo Oliveira e Costa (O Samurai Negro), Isabel Rio Novo (Rio do Esquecimento) e Norberto Morais (O Pecado de Porto Negro), que desafiam uma geração anterior (não em idade, mas na prática do romance) como Deana Barroqueiro (O Espião de D. João II – Pêro da Covilhã), Pedro Almeida Vieira, Sérgio Luís de Carvalho (Ouro Preto) e João Morgado (Vera Cruz). Assim, do ponto de vista historiográfico, assistimos actualmente a uma lenta e gradual substituição de gerações literárias. 2.- NOVOS AUTORES Assim, na nova geração literária do século XX, relevam- se os romances publicados em 2015/16 por Tiago Patrício (O Princípio da Noite), João Nuno Azambuja (Prémio UCCLA: Era uma Vez um Homem), Ricardo Fonseca Mota (Prémio Agustina Bessa-Luís: Fredo), David Machado (Índice Médio de Felicidade), João Tordo (O Luto de Elias Gro, O Paraíso segundo Lars D.), Afonso Cruz (Vamos Comprar um Poeta, Nem Todas as Baleias Voam, Enciclopédia da História Universal – Mil Anos de Esquecimento), António Canteiro (Prémio Alves Redol: Logo à Tarde Vai estar Frio), a irrupção meteórica de Ana Margarida Carvalho (Que Importa a Fúria do Mar) e de Alexandra Lucas