A paz parece estar distante de nós, porque ela exige um estado de harmonia com o olhar do outro. É no movimento de liberdade, isto é, no jogo de encontros e desencontros com as outras consciências, que se dão os conflitos constitutivos do inferno Sartreano. O olhar do outro modifica. E embora essa tensão no olhar do outro em minha direção, tomando meu ser como objeto, cause qualquer nível de repulsão, ela, ao mesmo tempo, atraí com mesma intensidade, pois é através da harmonia com o olhar do outro que eu me sinto em paz.
Finalmente, percebemos a inconformidade da imagem que queremos ter com o que o outro vê em nós, é aí que reside o problema. De certo que o outro torna-se um espelho constantemente apontando para nossas falhas e mentiras. Garin acertadamente encerra a ideia principal da obra: "O inferno são os outros!". Ora, se somos consciências condenadas à liberdade e à convivência com os outros, é igualmente certo que não podemos senão viver nesse inferno. Não havendo final fácil, pois bem, "vamos continuar?".