O modo como a circuncisão feminina pode se tornar prejudicial para o desenvolvimento físico e psicológico
de uma mulher e como a educação influencia na mudança de pensamento de uma sociedade.
Contando com uma vasta experiência em sua vida, Waris
Dirie se tornou símbolo mundial contra a mutilação genital
feminina, ritual comum em diversas tribos do continente
africano. Como episódio marcado em sua vida, Waris
passou pela circuncisão feminina aos 05 anos de idade. É de
extrema importância lembrar que a circuncisão feminina é
um processo que desrespeita os direitos humanos.
Primeiramente, são retirados de crianças ou mulheres os
seus órgãos sexuais de forma parcial ou integral. Este ritual é
justificado de diversas formas, todas elas demonstram um
acobertamento de uma cultura sexista e de um fanatismo
religioso inaceitável. A prática nefasta traz às mulheres danos
irreparáveis, tanto fisicamente quanto mentalmente e muitas
delas acabam morrendo ou sofrendo infecções graves depois
da operação.
Waris nasceu em uma família nômade, em 1965, na
Somália. Aos 05 anos de idade, ela foi levada sem aviso pela
mãe até outra mulher que retirou seu clitóris, os grandes e
pequenos lábios, e posteriormente costurou as áreas,
deixando apenas uma abertura para urinar e outra para a
menstruação. Tudo isso sem anestesia e impondo muita dor
a menina que mal entendia pelo que estava passando. No
momento em que ela fosse casar, o futuro marido deveria
abri-la com uma faca ou navalha de forma que fosse possível
realizar o ato sexual. Este ritual inescrupuloso é justificado
com o argumento de que tudo que há entre as pernas da
mulher não é puro e deve ser retirado e claramente também,
para que a mulher possa se manter virgem. Aos 13 anos,
seus pais receberam uma proposta de casamento para ela e
resolveram força-la a se casar com um homem de 60 anos.
Waris foge então para a casa de sua avó, tendo que atravessar
aproximadamente 500 quilômetros no deserto a pé, e esta
consegue um emprego como faxineira para Waris na
embaixada da Somália em Londres, razão pela qual ela se
muda para a Inglaterra.
Após o final de uma guerra civil, todos da embaixada
somali são enviados novamente ao seu país natal, não
desejando retornar, Waris foge e passa a viver ilegalmente na
capital britânica. Ela possuía pouquíssimos conhecimentos
da língua inglesa, e não possuía quase nenhuma educação.
Waris conhece uma vendedora de roupas que a ajuda de
todas as formas possíveis e consegue que ela comece a
trabalhar em uma rede de lanchonetes. Dirie percebeu que
seria necessário que ela adquirisse novos conhecimentos e se
engajou em seus estudos, lutando para conseguir conquistar
uma vida melhor.
“
Adoro dizer a
verdade.
Dizer
a
verdade e viver a
verdade, porque temos
visto muitas mentiras e
vejam o que está
acontecendo.
”
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