Incentivadores de
exploração
P
ara uma revista que apresenta aventura e
exploração de mundos distantes e exóticos por
adultos destemidos, a proposta de tratar da infância
nesse artigo pode causar certo estranhamento a
princípio. No entanto, minha intenção é despertar
o olhar dos caros leitores - dos quais eu acredito que
alguns sejam pais e mães, tios e tias, avôs e avós, ou
ainda, professores e professoras - para o papel que
os adultos cuidadores exercem nas atividades
exploratórias das crianças e como essa relação
sustenta suas próprias vontades, enquanto adultos,
de continuar buscando novas experiências de
exploração.
A nossa capacidade de exploração desperta
ao nascermos. Quando recém-nascidos, os nossos
olhos buscam por informações no corpo das
pessoas e nos espaços que nos circundam. Essa
capacidade ganha força quando ficamos de pé e
damos nossos primeiros passos. Nesse momento o
mundo se abre: em pé enxergamos coisas que antes
não enxergávamos, alcançamos coisas que antes
eram inacessíveis e fazemos movimentos com o
nosso corpo que antes não fazíamos. Ou seja, com o
aumento da nossa capacidade de exploração com o
corpo surgem mais oportunidades de aprender
Páginas Verdes
por Patricia Schubert
sobre nós mesmos e o mundo a nossa volta.
Mas onde os adultos, aqueles que eu nomeio
como cuidadores, entram neste cenáriode
exploração e aventura das crianças? Os cuidadores
que fazem parte da vida criança são importantes
interventores na relação da criança com seu
ambiente de exploração. Isso acontece quando o
pai ou a mãe, por exemplo, ensina um novo jeito de
subir na árvore ou interrompe uma brincadeira ao
perceber uma situação de risco. Quem já não sentiu
aquele frio na espinha de ver uma criança
desafiando a lei da gravidade em brincadeiras no
balanço do parquinho? O comportamento de
resposta dos adultos à algumas brincadeiras, seja
interrompendo um movimento arriscado,
ensinando algo novo, elogiando uma conquista ou
apenas prestando atenção ao que elas estão
fazendo, fortalece o vínculo afetivo entre
cuidadores e crianças e gera um sentimento de
segurança. Sentimento este que se traduz naquela
voz interna que mais tarde nos diz: “Vá em frente
que vai dar tudo certo”, mesmo sabendo que nossos
pais não estarão mais nos empurrando por baixo
para subir na grande árvore da vida.
Ao tomar consciência de que como
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