Explora Web Magazine Ano II Volume IV | Page 29

translocando para Bahia e monitorando seu estabelecimento após a soltura, na sua área de distribuição original. Ou, simplesmente, os micosleões baianos exóticos invasores do Rio de Janeiro estão sendo repatriados.
Os micos são capturados seguindo protocolos científicos, sem qualquer tipo de injuria. Eles são medidos, avaliados quanto ao seu estado de saúde e marcados, antes de translocados- ou seja, transportados do Rio de Janeiro para Bahia. Soltos e livres em florestas baianas, os grupos de micos-leões-da-cara-dourada são monitorados. Isto é, biólogos acompanham diariamente os micos na mata para observar como eles lidam com o novo, porém original, ambiente. A tarefa de lidar com uma população exótica inteira é uma medida conservacionista única; não há outro trabalho similar desenvolvido com mamíferos em todo o planeta.
Está sendo formada uma nova população de micos-leões baianos ameaçados de extinção, agora no lugar certo: no sul da Bahia. Enquanto isso, protegemos o mico-leão carioca no Rio de Janeiro. E través do monitoramento dos micos-leões-da-caradourada após sua soltura na Bahia, produz-se conhecimento sobre a ecologia, o comportamento e sobre sua resposta à translocação. Consequentemente, novas técnicas serão desenvolvidas e as existentes aprimoradas, estabelecendo métodos eficazes de manejo de populações que poderão ser aplicados a outras espécies em situações similares.
Desde o início do programa de remoção, em março de 2012, mais da metade da população estimada foi capturada. Até o final do ano, provavelmente toda essa população exótica terá sido removida. Nem todos os indivíduos capturados puderam ser repatriados: alguns apresentaram doenças que podem prejudicar os primatas nativos na área de soltura ou os grupos já soltos previamente. No entanto, os micos-leões baianos capturados no Rio de Janeiro, translocados e soltos na Bahia, estabelecem território e reproduzem: foi registrado o nascimento de filhotes!
As iniciativas tomadas para a conservação dos micos-leões vêm funcionando. Os micos-leões baianos vindos de Niterói, onde eram ameaçadores, são agora um reforço significativo à população de sua espécie, ameaçada na Bahia. No entanto, ainda há muito que fazer para que não haja nem um micoleão baiano nas matas oceânicas do Rio de Janeiro.
A maior dificuldade até agora, tem sido lidar com a população humana: a falta de conhecimento a um nível mínimo em nosso país atrapalha a compreensão do que são espécies exóticas e os riscos que oferecem. Algumas pessoas, erroneamente, interpretam a presença do mico-leão baiano no Rio de Janeiro como positiva, pois se afeiçoam, acham belos os animais, etc; uma série de argumentos meramente emotivos e egoístas. Felizmente, outras pessoas compreendem a importância da remoção da espécie exótica e assim contribuem para a conservação das duas espécies de mico-leão e das florestas no Rio de Janeiro.
Através do acompanhamento e análise de todas as etapas que envolvem o programa de remoção da população exótica, o processo vem sendo aperfeiçoado. Esperamos em breve comemorar o sucesso deste empreendimento para conservação dos ameaçados micos-leões e da proteção de um direito constitucional ao qual todo brasileiro tem: ao meio ambiente ecologicamente equilibrado( Art. 225), que não inclui espécies exóticas.
Família de micos-leões-da-caradourada após a translocação, descansando no sul da Bahia
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