Explora Web Magazine Ano II Volume IV | Page 18

de obter algum alimento para náufragos e pessoas que tentavam habitar o local . Esta ideia não deu certo , pois os cocos são salobros .
Acordamos com um dia ensolarado que ressaltava ainda mais as belezas do lugar . A areia é incrivelmente branca e o mar tem o verde mais lindo que vi na vida . Saímos de bote para mergulhar num lugar mais distante , e cada vez mais que nos rodeávamos naquele verde eu ficava mais atônita , querendo entender onde me encontrava . Nesse dia ponderei com Jarian dizendo-lhe que ele devia estar acostumado com aquele visual , afinal de contas há 17 anos ele vai para Atol . Ele me respondeu com a maior simplicidade e sabedoria : “ e tem como se acostumar ? Cada dia vejo uma cor diferente ”. Depois de passar três semanas por lá , concordo com a experiência dele : não tem como se acostumar , cada dia o mar mostra uma tonalidade diferente , mostra uma surpresa . De boas-vindas vimos tartarugas , uma raia chita , tubarões lixa e um tubarão limão de longe . Voltei maravilhada e cheia de vontade de conhecer todos os lugares num só dia !
Aos poucos essa mistura de ansiedade foi cedendo lugar a uma rotina de muita disciplina de pesquisa . Nossa rotina variava em função da maré baixa , uma vez que na maré alta apareciam apenas as duas ilhas . Na maré baixa o cenário era completamente diferente . A água secava e podíamos andar longas distâncias . Algumas vezes isso acontecia em cima do banco de areia e outras em cima de algas ou corais . E essa dinâmica da maré criava um visual muito diferente e espetacular . Às vezes parecia que estávamos caminhando sobre rochas que lembra o ambiente lunar , em outras tudo era fofo devido as algas e elas davam um alívio aos . Do cenário , dois aspectos me encantavam : as
formações diferenciadas de piscinas com colorações variadas e o limite do anel que separava o azul profundo do mar aberto , que batia forte suas ondas no recife .
Nesta expedição conseguimos conhecer vários lugares . Geralmente íamos juntos : a Ana , o Jarian e eu , o que resultou numa bela amizade e companheirismo . Minha pesquisa consistiu em monitoramento de comunidades bentônicas ( os organismos que vivem no fundo do mar , como algas , corais , e outros ). Para isso , precisava marcar os pontos e andava com ferramentas similares a quem trabalha na construção civil : canos de PVC , martelos , marcadores numéricos de material plástico , etc . A princípio tudo parecia fácil , mas martelar e colocar estacas mergulhando exige muita força , habilidade e folego . Logo nos primeiros momentos constatamos algo intrigante , pois mal colocávamos as marcações e os peixes imediatamente as mordiam . Ou os peixes de lá são
Estação científica em meio a um ninhal de Trinta-réis
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