de obter algum alimento para náufragos e pessoas que tentavam habitar o local. Esta ideia não deu certo, pois os cocos são salobros.
Acordamos com um dia ensolarado que ressaltava ainda mais as belezas do lugar. A areia é incrivelmente branca e o mar tem o verde mais lindo que vi na vida. Saímos de bote para mergulhar num lugar mais distante, e cada vez mais que nos rodeávamos naquele verde eu ficava mais atônita, querendo entender onde me encontrava. Nesse dia ponderei com Jarian dizendo-lhe que ele devia estar acostumado com aquele visual, afinal de contas há 17 anos ele vai para Atol. Ele me respondeu com a maior simplicidade e sabedoria:“ e tem como se acostumar? Cada dia vejo uma cor diferente”. Depois de passar três semanas por lá, concordo com a experiência dele: não tem como se acostumar, cada dia o mar mostra uma tonalidade diferente, mostra uma surpresa. De boas-vindas vimos tartarugas, uma raia chita, tubarões lixa e um tubarão limão de longe. Voltei maravilhada e cheia de vontade de conhecer todos os lugares num só dia!
Aos poucos essa mistura de ansiedade foi cedendo lugar a uma rotina de muita disciplina de pesquisa. Nossa rotina variava em função da maré baixa, uma vez que na maré alta apareciam apenas as duas ilhas. Na maré baixa o cenário era completamente diferente. A água secava e podíamos andar longas distâncias. Algumas vezes isso acontecia em cima do banco de areia e outras em cima de algas ou corais. E essa dinâmica da maré criava um visual muito diferente e espetacular. Às vezes parecia que estávamos caminhando sobre rochas que lembra o ambiente lunar, em outras tudo era fofo devido as algas e elas davam um alívio aos. Do cenário, dois aspectos me encantavam: as
formações diferenciadas de piscinas com colorações variadas e o limite do anel que separava o azul profundo do mar aberto, que batia forte suas ondas no recife.
Nesta expedição conseguimos conhecer vários lugares. Geralmente íamos juntos: a Ana, o Jarian e eu, o que resultou numa bela amizade e companheirismo. Minha pesquisa consistiu em monitoramento de comunidades bentônicas( os organismos que vivem no fundo do mar, como algas, corais, e outros). Para isso, precisava marcar os pontos e andava com ferramentas similares a quem trabalha na construção civil: canos de PVC, martelos, marcadores numéricos de material plástico, etc. A princípio tudo parecia fácil, mas martelar e colocar estacas mergulhando exige muita força, habilidade e folego. Logo nos primeiros momentos constatamos algo intrigante, pois mal colocávamos as marcações e os peixes imediatamente as mordiam. Ou os peixes de lá são
Estação científica em meio a um ninhal de Trinta-réis
E x p l o r a W e b M a g a z i n e 18