O movimento feminista tem estado muito na mídia ultimamente, não só na internet onde tem mais força e liberdade, mas também nos jornais, revistas e programas de TV. Na sua opinião, qual o impacto desse destaque que o movimento tem ganhado numa mídia essencialmente tradicionalista?
A função da mídia é informar e provocar a reflexão das pessoas sobre o que acontece em nosso entorno social. A mídia de massa, com toda a sua capacidade de se comunicar com grande parcela de nossa sociedade, é uma das grandes responsáveis por dar visibilidade aos movimentos sociais e suas pautas. Mesmo com o fato de existirem veículos de comunicação que não se preocupem em manter sua imparcialidade na forma de tratarem as discussões, só a possibilidade de tornar visível tal pauta já provoca na sociedade alguma reação, seja ela positiva ou negativa.
O grande foco de sua tese é como os novos movimentos sociais, em especial o feminista, se apoderam do espaço de comunicação virtual para promover suas causas. De todas as conclusões que você chegou nesse trabalho, quais você destacaria como mais importantes? Alguma em específico te surpreendeu muito?
Para buscar esta questão em minha pesquisa, procurei aprofundar minha análise sobre as mais diversas mídias e sua relação com a sociedade, justamente por se tratar de um tema muito complexo e já debatido por inúmeros pesquisadores de todo o mundo. Vou tentar simplificar aqui algumas dessas constatações.
Como dito anteriormente, é função das mídias tratarem questões pertinentes à sociedade, fazendo com que todos tomem conhecimento do que realmente está acontecendo em nossa volta. Mas, infelizmente, o que vemos na maioria das vezes são veículos de comunicação voltados apenas ao lucro, descomprometidos com a relevância do conteúdo transmitido. Encurtando a história, nesses veículos as questões levantadas pelos movimentos sociais não fazem parte de sua pauta, a não ser quando se tornem notícia, por meio das mais novas e participativas mídias: as redes sociais digitais. Mas, para se tornarem de fato notícia, para ganharem tamanha relevância para os internautas e para a grande mídia de massa, os movimentos sociais precisam chamar atenção, seja em forma de passeatas, com encenações e corpos pintados, seja com alguma ação de engajamento virtual, na forma de depoimentos, vídeos ou fotografias de forte impacto visual. Os movimentos feministas utilizam muito esses recursos para chamar atenção para suas pautas, ganhando grande cobertura midiática. Um exemplo bem atual foi a campanha #NaoMereçoSerEstuprada, em que milhares de mulheres e homens postaram imagens de corpos nus com dizeres de repúdio à violência sexual. O assunto ganhou grande repercussão e travou diversos debates nas redes sociais, fazendo com que muitos ficassem cientes de tal problema.
Maria Aparecida Ladeira da Cunha, nascida em Itaperuna-RJ, graduada em Publicidade e Propaganda pela Faculdade de Filosofia de Campos, Mestra em Comunicação e Cultura Midiática (2015) pela Universidade Paulista (UNIP/SP) concedeu-nos uma entrevista sobre sua tese de mestrado onde é defendido o uso das mídias utilizadas pelas feministas da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), para uma maior visibilidade de sua causa, já que nessa edição estamos abordando principalmente a igualdade de gênero e a luta por trás.
Entrevista realizada por Artur Ferreira e Luísa Rezende