portanto não podemos mais dizer que somos descendentes de escravos , pois esta condição foi imposta para as tradições dos reinos de África .
É querer entender a circuferência e a raíz forte do Baobá , como símbolo de nossa ancestralidade , e saber que podemos e devemos , tê-la como resistência e fortaleza para atingirmos os nossos ideiais de um país mais justo e não racista . Suas vitaminas e minerais devem fazer parte da vigorozidade de sermos fortalecidos diante de nossas histórias ancestrais , pois muitas pestes foram curadas com seus troncos , caules e folhas , como a malária .
É saber que nossos jovens terão caminhos , exercitarão as lembrança de onde vieram , como estão e para onde irão diante da Copa do Baobá , que mais parece as raízes desta grande árvore , levando a caminhos variados de direitos . O direito do povo brasileiro de ser descendentes de África e poder viver aqui com toda a culturalidade , religiosidade de seus ancestrais , num país laico , que não exercerce este fato , e sim maltrata tudo o que não é Cristão .
Se puder querer , quero que o baobá seja a centralidade , continuidade e circularidade deste projeto que é a socialização de nossa cultura , dentro das folhas que são sagradas na religiosidade , mas , é de fato uma medicina terapêutica e alternativa para nós que muitas vezes recorremos a elas , não por não ter oportunidades , mas para exercermos a ancestralidade e socializar as nossas culturas diante da dificuldade do dia . É fazer uso da memória milenar de nosso antepassados valorizando a palavra , a oralidade e poder passar para as crianças estas memórias , como numa cantiga de roda entoada pelos seus avós , que foi ensinada a eles pelos seus bisavós , que foram ensinados a estes pelos seus tataravós . Fazendo assim circular a história cognitiva de um grupo , onde em um momento esta acima e em outro esta abaixo , mas esta lá se fazendo presente nas cantigas entoadas as crianças que tudo aprendem e que se não estimula esquecem e se vêem abraçadas pelas forças sociais urbanas .
Não quero aqui dizer que esta força seja ruim , mas faz com que a memória ancestral tenha um lugar muito longe da realidade vivida neste século , e esta criança se torne um jovem que não queira valorizar seus principios devido ao preconceito , racismo , intolerância , assédios e valores contra a sua condição de etnia e se venda a covardia do padrão moralista e perseguidor da sociedade atual . Por este motivo acredito que tenhamos que insentivar os grandes líderes , cientistas , arquitetos , artistas negros e negras de nosso país para manter viva a nossa história .
Sejamos o Baobá , caminhemos , vamos construir um círculo novo de ideias e direitos para termos continuidade nesses contos sagrados e culturais , a partir de nossos antecedentes e também a posteriori , pois tenho certeza que o baobá resistirá à nossa existência e contará que temos um grupo compromissado em continuar a história ancestral da diáspora africana .
Hoje temos plantado e tombado o primeiro baobá em Lins de frente com a universidade de Lins , onde plantamos a ideia de continuidade , ancestralidade e circularidade . Antecedências de tudo que relatei nestes capítulos e foi acolhida pelos universitários e seu reitor , para que possamos de fato fazer a história concreta em garantir a continuidade de nossas tradições .
Em sua cicurferência um diâmetro de sete metros aproximadamente , é a relevância de sermos muitos de mãos dadas para cincundá-la , e a sua magnitude é a copa cheia de ramas , mostrando como é profunda as suas raízes e fortes para nos olhar além desta vida , pois se bem semeada , bons frutos trará a terra e retornará , retornará , retornará ...
E estará lá com suas Ewé : fazendo o conto das folhas sagradas ...
Axé ! Adupé Iewô Olorun !*
Iyá Cristina d ’ Osun
* Axé = força adupéIewô Olorun = Graças a Deus por ter conservado 47 minha vida e a minha saúde até hoje .