Ewe O conto das Folhas Sagradas Livro Ewe o conto das folhas | Page 46
Omi Beijada!
Bejiróó!
Salve Ibeji!
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Saudamos a Ibeji pela garantia da continuidade de
nossas tradições.Ibeji é o Orixá que rege o nascimento,
nas crenças de matriz africana, o nascer é diário,
constante, infinito como o sopro da vida, a existência.
Trata-se de um orixá que tem duas faces, pois
Ibeji se traduz em nascimento de dois, gêmeos, por isso
se conecta ao princípio básico da dualidade, indicando
as contradições, os opostos que caminham juntos, a hu-
manidade, a justiça certa que vê sempre os dois lados,
podendo ser feita apenas se as duas partes forem ouvi-
das.
Ibeji está relacionado com o princípio da vida
e sua eternidade, por isso é interpretado na forma da
infância, pois em África, as crianças representam a con-
tinuidade em sua certeza de existir, sendo elas a maior
riqueza de uma comunidade e seus progenitores.
Não por menos escolhemos este orixá para reger
nosso último tema deste projeto, pois assim como exu,
Ibeji não pode faltar nas saudações das atividades, pois
sua energia é indispensável, somente com o agrado deles
que se pode garantir o agrado do recebimento de nossos
pedidos e ofertas.
Portanto pedimos a esta energia que nos acompan-
he no encaminhar deste projeto, que não nos falte o dis-
cernimento e o conhecimento, a humanidade, a oralidade,
as trocas de saberes, não nos falte a natureza e suas
folhas, a ela nosso agrado e reverência, nosso apelo pela
sua existência, o cuidado pela sobrevivência, gratidões
por nossos ancestrais, pela vida vivida em nós, que nos
mantém em pé, flexíveis como galhos, fortes como raízes e
firmes como rocha. Amores, respeitos e sorrisos como da
infância, a arte e as/os artistas negros, que floresçam
em lindas terras e espalhem todas as sementes que couber
no mundo. O entendimento, sabedoria, paz, humildade e a
certeza que o tempo é rei, ele faz de nós seu instrumento
de renovação do mundo, do nosso mundo, pra que jamais
se perca a humanidade para viver em igualdade e frater-
nidade, trabalhar na caridade e viver eternamente.
Nosso respeito e reverência a toda ancestrali-
dade do povo de África e toda linhagem descendente, nós
juventude de terreiro, nossos irmãos e irmãs, reis e
rainhas, que mantém essa existência viva em nossas comu-
nidades e dentro de nós, a continuidade de toda cultura
e tradição africana e afrobrasileira, pois só quem vive
a ventania sabe resistir às tempestades.
por Thais Dofonitinha D’Iansã Prado
CENTRALIDADE, CONTINUI-
DADE E CIRCULARIDADE NO
BAOBÁ:
Falar sobre o Baobá é falar novamente da diáspora
africana, onde as várias nações vindas escravizadas para
o Brasil olhavam para a Ilha de Madagascar berço desta
árvore, sabendo que teriam que continuar e serem fortes
para o não extermínio e não mais existirem diante do
destino desconhecido, foram arrancados de sua pátria, e
tinham como referência o olhar distante das copas dos
baobás além mar.
É falar da circularidade, de estar ainda hoje
representado neste nosso país com as suas descendências,
saber que o círculo de trocas de ideias e saberes, são
de fundamental importância para que não sejam colocados
como espécie em extinção, pois no ano de 2015 é o que o
legislativo de nosso país quer que se cumpra.
É saber que somos descendentes de reis e rainhas,