Ewe O conto das Folhas Sagradas Livro Ewe o conto das folhas | Page 10

Prefácio:

As folhas de Ewé: um salto para o futuro.

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... É, um salto para o futuro, são essas minhas considerações finais, subvertendo a ordem estética da escrita, por motivo muito forte“ reencantei-me”. Aos jovens que vieram antes de mim, gratidão pela oportunidade de degustar os saberes, fazeres e sabores de nossos ancestrais, e aos jovens que vieram depois de mim, o meu respeito pela continuidade.
Venho da educação popular em saúde inspirada em Paulo Freire, onde acreditamos que: não existe saber mais e saber menos; que se ensina aprendendo e se aprende ensinando; quem sabe, não sabe tudo, e quem não sabe, sabe alguma coisa. Sendo assim, o diálogo é nossa grande ferramenta, permeada pela amorosidade, a construção compartilhada de conhecimento e a comunicação. Grande foi a honra, respeito e responsabilidade ao levantar a pontinha do véu. O que vi? – O resgate de registros das memórias não escritas em livros e sim através de um dos maiores princípios africano: a“ oralidade”, onde todos são protagonistas, o homem e o universo, no tempo e no espaço, do mais velho ao mais novo, formam a circularidade e a continuidade, princípio fundante de vida, onde todos os seres se completam, na visão de mundo africana( cosmovisão). Uma maneira subjetiva de ver e entender o mundo em especial as relações humanas e os papéis dos indivíduos na sociedade, a finalidade sua existência, a sua relação com o universo e sua continuidade. Desse complexo pensamento vem a contribuição para refletirmos sobre a relação: homem / mundo / terra / espiritualidade. Nessa reflexão não dissociamos o homem do mundo por isso a importância e papel das folhas em todas as relações dos seres no mundo e com o mundo. Pude através de cada linha ver e sentir, o quão permeado está a visão de mundo africana em cada folha, com sua função dentro da circularidade em relação ao ser, equilibrando, curando, acolhendo, construindo e também transformando tanto o fora quanto o dentro no tempo e no espaço ou muito mais além, ficando fortemente marcado o tanto de Cosmovisão Africana está em Paulo Freire e o quanto de Educação Popular permeou estes diálogos e escritos. Com alegria posso dizer o futuro é logo ali, basta um salto, mas atenção: tem que ser coletivo. Ewé: O conto das folhas sagradas...
Luzia Aparecida
Educadora Popular da ANEPS- SP Bel. em Comunicação Social e tec. de Rel. Públicas Coordenadora por SP do Projeto PACEPS