Entrecontos Agosto/18 - Número 001 entrecontos agosto 2018 numero 1 | Page 18

CONTO CÊ TEM de messias barros bruchove? A cordou ouvindo a pergunta estranha, ainda atordoado um corpo magro, alto e com um abdômen pronunciado, pelo enorme volume de álcool ingerido no dia denunciando um gado comprome do. anterior. Um casal ria fazendo graça com a onomatopeia. Ensaiou alguns passos trôpegos, cambaleantes, Em sua mente, nublada, e lica, surgiram seguiu em direção a um caminho já conhecido e habitual, recordações de um passado ainda vivo. Grunhiu, revirando- deixou seus parcos pertences sob a marquise, nada havia ali se incomodado com aquela interrupção em seu repouso que interessasse a alguém! sob a marquise. Sentou-se, tateando a procura do Parou em frente ao bar de costume, àquela hora inseparável gorro, suas mãos tremiam, em sua língua um com fregueses tomando o café da manhã antes de gosto horrível precisava ser aplacado com um gole de seguirem para o trabalho. Enfiou as mãos nos bolsos a cachaça. A mão direita guiou-se automa camente na procura de um trocado ganho com a venda de recicláveis, direção do recipiente em forma de barril, abriu-o e tomou encontrou umas moedas e entrou no bar. O balconista já o um gole sôfrego, aguardou alguns segundos e o esvaziou. conhecia, esperou que lhe desse os trocados e em um copo Aproveitou o recipiente para aliviar sua bexiga, ainda era descartável colocou uma dose de aguardente, abriu a cedo, o banco só teria movimento dentro de algumas horas. estufa de salgados, de lá Já havia alguns aposentados formando uma pequena fila a guardanapo. A mão, um tanto trêmula, segurou o copo e o par r da entrada do banco. salgado. rou uma coxinha em um Suas mãos pararam de tremer, girou o corpo ainda Saiu do bar, andou alguns metros. Havia um ponto sentado e ficou de frente para a rua, suas pernas, ainda de ônibus em frente ao bar, uma enorme fila aguardava o f ra ca s m a l l h e o b e d e c i a m . B a l a n ço u a ca b e ça cole vo que os levaria para longe dali. Afastou-se do bar e vigorosamente para tentar transmi r força à suas pernas. do ponto, sentou-se nos degraus, sob uma porta de aço Es cou-se até que seus pés tocaram a calçada, ao ficar em fechada. Mordeu a coxinha, mas gando devagar, não pé sen u uma ligeira náusea, tonteou e encostou-se a possuía muitos dentes. Tomou um gole da aguardente, marquise. Era um conjunto humano que não chamava a pequeno (geralmente engolia tudo de uma vez, o liquido atenção, seus pés calçados com uma virgula an ga e derramado direto na garganta), saboreou a bebida e o descolorida, calças marrons cheias de bolsos, uma camiseta salgado. vermelha com o conhecido retrato de Ernesto Guevara, um Deixou-se ficar ali sentado, observando o gorro que já foi branco. Sua pele não nha uma definição de movimento de carros e transeuntes, seus olhos cor, idade indefinida, pelos cinza amarelados, olhos percorrendo de um lado a outro, a rua. Neste movimento castanhos avermelhados davam vida a um rosto comum em de cabeça ele a viu, observou-a por um momento , 18