Entrecontos Agosto/18 - Número 001 entrecontos agosto 2018 numero 1 | Page 10

algumas imprecações a respeito de minha falta de interesse e tenta va. Depois que todos os companheiros falaram a respeito de seus livros, algum infeliz lembrou-se de mim e perguntou sobre o livro que estava lendo e foi o momento da revelação. Tudo bem, eu poderia falar sobre um de meus contos? Poderia, mesmo sendo fracos demais... Estava começando e escrever é um exercício que vamos melhorando conforme a experiência. Sem saída e assumi que não gostava de ler. Foi o Messias que perguntou sobre como conseguia escrever sem gostar de ler e minha resposta não poderia ser outra: “as palavras simplesmente aparecem”. Ele chamou aquilo de dom e logo o assunto desviou de mim. Poderia me sen r aliviado? Sim, mas na verdade, fiquei frustrado. Queria falar sobre algum livro, queria parecer tão inteligente quanto os demais discu ndo pontos de algo que todos haviam lido. O professor Tico morava no bairro vizinho ao meu e por isso, depois dos encontros, sempre me dava carona. Por se tratar de meu professor, nada mais comum do que abrir o jogo a respeito da minha frustração sobre a leitura. Não gostava de ler, isso era um fato, mas alguns fatos podem ser mudados e queria mudar aquilo. Na semana seguinte lá estava ele com “Assim falou Zaratustra de Friedrich Nietsche” e a julgar pelo semblante de meu p r o fe s s o r, a q u e l e l i v r o poderia mudar toda minha existência. No dia seguinte comecei a ler o livro, mas, não fui muito longe. Acabei me deparando com uma frase que lembro até hoje: “toda vez que tenho contato com um cristão, sinto a necessidade de lavar as mãos.” Essa frase me impactou de tal maneira que fechei o livro no mesmo instante e não abri nunca mais. Foram quatro meses fugindo do professor com medo de que me ques onasse. Foi então que, sem saída, confessei que não havia lido ainda e que provavelmente não conseguiria. E acabei devolvendo me sen ndo derrotado. Semanas após esse episódio, minha amiga Raquel apareceu em casa para uma visita e acabei conversando sobre o ocorrido. Ela disse que nha um livro que poderia emprestar caso quisesse. Aceitei, mesmo achando que aquilo poderia acontecer novamente. No dia seguinte, estava em minhas mãos “O Diário de um Mago de Paulo Coelho.” Sabendo que poderia demorar meses, já avisei que demoraria, algo que aceitou tranquilamente. No dia seguinte comecei a ler o livro, para minha surpresa, devorei-o em poucos dias. Fiquei espantado e surpreso. A sensação ao ler aquilo livro foi inenarrável. Fui atrás de outros livros do autor e li tudo que havia dele no mercado. Assim que me sen mais preparado para mergulhar ainda mais fundo no mundo das palavras, me aventurei a ler outro autor que amo de paixão: William Shakespeare. Algumas pessoas, e com certeza, meu amigo Messias e o Gabriel Perissé, (este úl mo da época do projeto literário Mosaíco), torcerão o nariz pelo simples fato de mencionar o nome desse autor nacional, mas, (desculpe meus amigos) se tenho uma biblioteca gigantesca é por causa desse cara. E agora chegamos ao “x” desta matéria. Quando iniciamos a leitura de um livro, para nos apaixonarmos pela estória con da ali, precisamos visualizá- la em no