Ensaio sobre um crime 1º Volume | Page 15

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O Muro

Quando o II Comando começou a se juntar, logo depois da revolta, algo tinha que ser feito para dar fim aos estupros e toda violência contra as mulheres da aldeia. Lideradas por Helena, elas prepararam uma emboscada para os saqueadores que estavam abrigados no oeste. Durante a noite, as mulheres mais fortes do grupo, armadas com lanças e flechas, cercaram dois deles, eles foram presos e torturados, até hoje são prisioneiros da aldeia. São usados para satisfazer as vontades das mulheres do II Comando e também como reprodutores, elas não pretendem deixar que o Povoado Y desapareça do mapa, querem manter vivo o povo pelo qual seus maridos lutaram, para que não tenha sido em vão.

Em uma tentativa de capturar mais saqueadores, as mulheres do II Comando atacaram um grupo de amigos próximos a José Antônio, eles reagiram e as guerreiras os mataram. Quando os Sobreviventes Flores ficaram sabendo, tentaram revidar, mas perderam mais homens, o II Comando estava cada vez mais forte.

José Miguel não revidou, não consegui descobrir qual motivo o fez mudar de ideia. As barreiras foram criadas sem que ninguém falasse nada. Tornou-se proibido para uma mulher do II Comando caminhar pelas terras dos Sobreviventes Flores, que por sua vez, também estavam proibidos de sair fora de seu território.

O II Comando se fortalecia cada dia mais, as mulheres dividiam todo o trabalho e também repartiam a comida entre todas. Construíram um muro nas principais passagens para a aldeia, só era permitido o acesso às mulheres que ali viviam, homens que tentassem se aproximar eram atacados. As mulheres da guarda faziam a segurança nos muros, eles nunca ficavam sem vigilância. No início sofreram várias tentativas de invasão por parte dos saqueadores, ao perceberem que elas estavam preparadas para lutar e tinham maiores condições de ganhar, corriam.

Gabriela telésforo

[capítulo 6]