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Revista: Mas vocês dão o retorno pra eles?

Estudante: “Não, não temos oportunidade.”

Revista: E o que você acharia se pudesse dar esse retorno para seus professores? Por quê?

Estudante: “Acho que seria bom. Porque falaríamos o que a gente acha deles né, pra eles melhorarem talvez.”

Revista: Enfim, o que você acharia de uma auto avaliação?

Estudante: “Acho muito subjetivo... mas acharia interessante, diferente. ”

Vemos, por meio das entrevistas apresentadas, o quão é complexo pensar em um sistema avaliativo crítico e democrático. A professora, ao relatar que trabalha o conceito dos alunos em um âmbito mais dialógico, considera que assim consegue tornar o ensino mais significativo aos seus alunos. Embora, o critério de notas ainda não seja dispensado pela escola por questões burocráticas, ela busca, dentro da sala de aula, aproximar-se de uma pedagogia menos quantitativa e mais qualitativa do aprendizado.

Na entrevista ao aluno do Ensino Médio, é notável que os métodos avaliativos são condicionados a uma ideia de desempenho, fazendo com que os resultados obtidos sejam um reflexo da capacidade esperada, e não realmente da aprendizagem efetiva do aluno. Destacando o trecho em que diz que seria importante poder avaliar os professores e repassá-los essa avaliação, podemos pensar nas relações de diálogos que ainda deixam de ser estabelecidas ou são pouco abordados no ambiente escolar. Tão importante quanto o professor avaliar seu aluno, é o aluno avaliar seu professor, pois é nesse contexto autônomo de reflexões que se dá o ensino e aprendizado no seu processo mais significativo.

“O ato de usar a avaliação da aprendizagem dentro da escola, hoje, configura como investigação e intervenção a serviço da obtenção de resultados bem-sucedidos, é um ato revolucionário em relação ao modelo social vigente. Significa agir de modo inclusivo dentro de uma sociedade excludente; para tanto há necessidade de comprometimento político… de muito comprometimento político. É mais fácil agir na direção para a qual leva a maré; para opor-se a ela, há que se colocar força no remo, muita força! ”(LUCKESI 2011, pg 70)

Nas colocações de Luckesi, podemos nós, colocarmos a serviço de uma mobilização para avaliar sim, mas avaliar de forma humana, e não estampada em números que idealizam refletir o conhecimento válido dos alunos. Se pretendemos fazer da educação um movimento democrático e libertador, mesmo que pela ação de poucos, podemos, em pouco tempo, repercutir o que há tanto tempo já vem sendo defendido. Seremos nós, pedagogos e pedagogas, um levante para agir contra essa maré que afunda a sociedade, ou continuaremos nesse meio a nos perder junto dela?

Repórteres: Jéssica e Vanessa