Educação para a Cidadania - Igualdade de Género Educação para a Cidadania | Page 16
1 Dia para Agir – 2º e 3º ciclos (10-14 anos)
Vamos debruçar-nos sobre a história de três raparigas e das dificuldades que enfrentam para realizar as suas opções. Propomos que se trabalhe em torno destas histórias através de perguntas e de um jogo
de dramatização promovendo a argumentação e a compreensão dos sentimentos das protagonistas.
Atividade
Objetivos
❑ Tomar consciência
dos estereótipos
baseados no sexo das
pessoas.
❑ Compreender os
sentimentos das
personagens que são
vítimas de
preconceitos e
discriminações por
questões de género.
Materiais/recursos
necessários:
❑ Cartolina ou papel
com a Ficha A e outra
com a Ficha B).
Adaptado a partir do
material “Entre iguales”,
de Entreculturas –
Fundación para
la Educación y el
Desarrollo de los Pueblos
1. Divide-se a turma em 2 grupos e entrega-se a cada grupo
uma informação diferente (Ficha A ou Ficha B). Caso o nºde alunos
seja elevado, pode dividir-se em mais grupos, repetindo as fichas..
Ficha A
“Maria e Cristina vivem no Algarve e têm 13 e 14 anos
respetivamente. O ano passado, elas participaram num atelier de
mecânica que o professor de Educação Tecnológica organizou e
aprenderam a resolver problemas de aparelhos elétricos, arranjos
em bicicletas, entre outras coisas. Desde então, as duas amigas e
o seu colega de escola Pedro, têm-se encarregado de consertar as
bicicletas de todos os alunos da escola com muito êxito.
No Verão, a Maria e a Cristina decidiram ir de férias com um
grupo de amigos e lembraram-se de montar uma pequena oficina
de bicicletas, para arranjar o dinheiro de que precisavam. Foram à
procura de um local para montarem a oficina e encontraram uma
sala vazia que pertencia a um grupo de vizinhos da Maria.
A Maria foi falar com o responsável por aquele espaço: “Bom
dia, queria saber se aquela sala está livre para poder abrir um
espaço de reparação de bicicletas.” O responsável respondeu “Sim,
Maria. Mas diz ao teu irmão que venha diretamente falar comigo.
Maria explicou-lhe que não era para o seu irmão, mas sim para ela
e para uma amiga poderem arranjar bicicletas e juntar algum
dinheiro para uma viagem de amigos. O responsável, perplexo,
respondeu-lhe “Maria, isso é uma tolice. Onde já se viu duas
raparigas abrirem uma oficina de bicicletas?”, acrescentando
ainda “Não estejas a perder tempo e vai brincar com a tua amiga
às vossas coisas.”
❑ Como te sentirias se fosses a Maria? Por que razão o
responsável do espaço comunitário em questão considera
errado que a Maria e a Cristina abram a oficina? Que opiniões
tem o responsável sobre as duas raparigas? De que forma é
que as opiniões do responsável podem prejudicar a Maria e a
Cristina? E de que forma as opiniões e atitude do responsável
podem ainda prejudicar os restantes rapazes e raparigas do
bairro?
Ficha B
“Julieta é uma rapariga de 13 anos que vive no interior de
Portugal. Tem dois irmãos e ela é a mais nova dos três. Teve muito
trabalho e esforço em conseguir tirar notas boas na escola porque,
quando chegava a casa, tinha que ajudar a sua mãe a cuidar do
avô. No entanto, conseguiu essas boas notas e é a melhor da
turma. Julieta tomou uma decisão importante sobre a sua vida e
tem que a anunciar aos pais: quer estudar na Universidade perto
de sua casa, para ser informática, como os dois irmãos. O pai de
Julieta, com um ar sério, disse-lhe que isso era uma asneira, um
capricho e que sempre pensara que ela iria estudar Línguas como
a sua tia Ana, para o ajudar no
seu pequeno negócio. Ainda lhe perguntou “ e quem é que vai
ajudar a tua mãe enquanto tu estiveres a estudar?”
❑ Como te sentirias se fosses a Julieta? Por que parece errado,
aos olhos do pai, a Julieta querer estudar informática?
Concordas com essa opinião? Porquê? Que ideia é que o pai
dela tem sobre as raparigas? Partilhas dessa opinião?
Discordas? De que forma e por que razões? Como é que as
ideias do pai podem prejudicar a vida de Julieta? De que
forma a opção da Julieta podia beneficiar a vida da sua família?
E prejudicaria alguém?
2. Cada grupo lê a ficha e responde às perguntas, argumentando
sobre as suas opiniões.
3. Os diferentes grupos reúnem-se e apresentam o tema da sua
ficha e um resumo das diferentes respostas dadas em pequeno
grupo.
4. De seguida, cada grupo realiza a dramatização da sua situação:
Ficha A
Uma pessoa do grupo põe-se no lugar da Maria e vai tentar
convencer o responsável de que a deve autorizar a instalar a
oficina na sala vazia. No final, com os bons argumentos utilizados,
Maria convence o responsável e utilizar o referido local.
Conseguiu! (a lista de argumentos pode ser feita em grupo, antes
da dramatização). Passado uns meses, a oficina continua a crescer
e até já têm uma placa na porta, a anunciar o local. Marco passava
por ali quando a sua bicicleta se estragou. Bate ao portão e,
quando entra, repara que são duas raparigas as responsáveis por
consertar as bicicletas. Estranha e hesita. Será que pode confiar
nelas e entregar a sua bicicleta com segurança? Com o restante
grupo de espectadores, continuem a discussão:
❑ Por que razão o Marco estranhou e hesitou? Compreendes e
concordas com o que ele sentiu? Como achas que a Maria e a
Cristina se terão sentido perante a desconfiança do Marco? O
que terá feito cada um deles? O que consideras “provável” ter
acontecido? E o que consideras “correto” fazer naquela
situação?
Ficha B
Uma pessoa do grupo põe-se no lugar da Julieta e tenta convencer
o pai a deixá-la ir estudar Informática. No final, Julieta consegue
convencer o pai. Com que argumentos? (podem discutir os
argumentos em grupo, antes da dramatização). Passado um
tempo, abriu uma empresa com uma colega de Universidade, com
o objetivo de dar suporte informático a outras empresas. Prepara-
se para a sua primeira entrevista com o diretor geral de uma das
empresas e, quando chega, o diretor mostra-se surpreendido e
pergunta “Onde está o responsável pela sua empresa? Está
doente?” Julieta responde que ela própria é a responsável, mas
repara na desconfiança visível na cara do diretor, que pensa
interiormente “poderei confiar nesta empresa?”
Com o restante grupo de espectadores, continuem a discussão:
❑ Por que razão o diretor estranha a entrada de Julieta? Achas
justificável que tenha acontecido? Porquê? Quais os
sentimentos que terá tido o diretor quando soube que Julieta
era a máxima responsável pela empresa? O que poderá ter
sentido a Julieta perante essa desconfiança? Quem sairia
prejudicado se o diretor geral recusasse os serviços da
empresa de Julieta por esta ser dirigida por uma mulher? Que
atitude terá tido cada uma das personagens desta história?
Sugestões para a reflexão
No final, poderão lançar-se algumas perguntas sobre a atividade.
Conduza a análise para a desconstrução de estereótipos baseados
no sexo das pessoas.
Como é que se sentiram na pele da Maria, da Cristina e da Julieta?
As características sociais, hobbies e gostos, educação são
determinados pelo sexo das pessoas? No vosso dia-a-dia, é
comum
encontrarem
pessoas
que
têm
atividades
diferentes/pouco adequadas ao seu sexo? Que atividades? Porque
é que acham que essas atividades são pouco adequadas? E vocês?
Já se sentiram limitados por serem de um determinado sexo? Já
alguma vez desistiram de uma atividade que quisessem muito por
vergonha de a fazer?