Edição de Natal Natal #1 | Page 21

SAÚDE U A questão é que alguns ignoraram uma das con- clusões que estão lá, no estudo original: m estudo publicado em agosto de 2017 mostrou que o alto consumo de carboi- dratos está associado a um risco aumentado de mortalidade, por eventos cardiovasculares e outros. Em contraste, uma ingestão de gordu- ras maior foi associada a um risco diminuído de mortalidade, ao contrário do que se acreditava há décadas. Isso significa que indivíduos que têm uma alimentação baseada em carboidratos (pães, doces, massas, etc.) provavelmente se beneficiariam se fizessem uma redução destes carboidratos e obtivessem parte de sua energia de gorduras (manteiga, óleos, oleaginosas, etc.). Este artigo é muito relevante, pois envolveu 18 países em 03 continentes diferentes. Nada me- nos do que 135.335 indivíduos foram analisados e acompanhados pelos pesquisadores por um período médio de mais de 07 anos. Vocês devem imaginar que não é nada fácil fa- zer um estudo tão longo e com o rigor científico necessário, não é mesmo? Mais de 50% de toda a população analisada consumia uma dieta rica em carboidratos (pelo menos 60%), sendo que um quarto dessa popu- lação alcançava 70% de ingestão! Uma das explicações para os resultados talvez possa ser a FONTE destes carboidratos: Em países de baixa e média renda, onde as ocorrên- cias de morte e eventos cardiovasculares foram ainda mais evidentes, a alimentação é baseada em carboidratos REFINADOS (como arroz, pão branco, biscoitos e outros industrializados) e não alimentos integrais que são ricos em vitami- nas e fibras ou frutas, legumes e hortaliças (que, sim, são fontes de carboidratos). Bem, é neste ponto que voltamos ao início do nosso texto aqui hoje. Mal o artigo foi publicado já haviam inúmeras postagens de muitos espe- cialistas da área médica alertando para o “Peri- go dos carboidratos”, para a “Necessidade de dietas Low-carb”, para os “Benefícios de uma dieta rica em proteína”. “A ausência de associação entre uma ingestão de carboidratos menor que 50% e ligações com eventos de saúde não suporta a reco- mendação para dietas de baixo teor de car- boidratos. Parece que o consumo moderado de carboidratos – 50-55% - é necessário para atendimento das demandas energéticas do dia-a-dia”. Meio sem graça essa conclusão não? Pelo me- nos para aqueles de nós que procuram por uma resposta imediata, mágica e definitiva. Quer dizer que as recomendações para inges- tão de carboidrato continuam mais ou menos como dizem os guias nutricionais.... e o nosso bom senso nos faz crer que deveremos seguir aquilo que os nossos avós já recomendavam: “Coma comida de verdade, meu filho, que isso aí vai te deixar doente”. (Aqui uma avozinha fala ao neto que abre um pacote de salgadinho ou qualquer coisa que ela não reconhece como ali- mento) É pessoal, parece que não é desta vez que en- contramos o vilão. O carboidrato não é o mons- tro do lago Ness, aquele que queremos flagrar e condenar como responsável pela nossa gordura indesejada na região da cintura... A conclusão é simples e fácil de entender: eliminar ou reduzir drasticamente o carboidrato não garantirá seu emagrecimento e a conquista daquela barriga lisinha das capas das revistas. 21