SAÚDE
U
A questão é que alguns ignoraram uma das con-
clusões que estão lá, no estudo original:
m estudo publicado em agosto de 2017
mostrou que o alto consumo de carboi-
dratos está associado a um risco aumentado
de mortalidade, por eventos cardiovasculares e
outros. Em contraste, uma ingestão de gordu-
ras maior foi associada a um risco diminuído de
mortalidade, ao contrário do que se acreditava
há décadas. Isso significa que indivíduos que
têm uma alimentação baseada em carboidratos
(pães, doces, massas, etc.) provavelmente se
beneficiariam se fizessem uma redução destes
carboidratos e obtivessem parte de sua energia
de gorduras (manteiga, óleos, oleaginosas, etc.).
Este artigo é muito relevante, pois envolveu 18
países em 03 continentes diferentes. Nada me-
nos do que 135.335 indivíduos foram analisados
e acompanhados pelos pesquisadores por um
período médio de mais de 07 anos.
Vocês devem imaginar que não é nada fácil fa-
zer um estudo tão longo e com o rigor científico
necessário, não é mesmo?
Mais de 50% de toda a população analisada
consumia uma dieta rica em carboidratos (pelo
menos 60%), sendo que um quarto dessa popu-
lação alcançava 70% de ingestão!
Uma das explicações para os resultados talvez
possa ser a FONTE destes carboidratos: Em
países de baixa e média renda, onde as ocorrên-
cias de morte e eventos cardiovasculares foram
ainda mais evidentes, a alimentação é baseada
em carboidratos REFINADOS (como arroz, pão
branco, biscoitos e outros industrializados) e
não alimentos integrais que são ricos em vitami-
nas e fibras ou frutas, legumes e hortaliças (que,
sim, são fontes de carboidratos).
Bem, é neste ponto que voltamos ao início do
nosso texto aqui hoje. Mal o artigo foi publicado
já haviam inúmeras postagens de muitos espe-
cialistas da área médica alertando para o “Peri-
go dos carboidratos”, para a “Necessidade de
dietas Low-carb”, para os “Benefícios de uma
dieta rica em proteína”.
“A ausência de associação entre uma ingestão
de carboidratos menor que 50% e ligações
com eventos de saúde não suporta a reco-
mendação para dietas de baixo teor de car-
boidratos. Parece que o consumo moderado
de carboidratos – 50-55% - é necessário para
atendimento das demandas energéticas do
dia-a-dia”.
Meio sem graça essa conclusão não? Pelo me-
nos para aqueles de nós que procuram por uma
resposta imediata, mágica e definitiva.
Quer dizer que as recomendações para inges-
tão de carboidrato continuam mais ou menos
como dizem os guias nutricionais.... e o nosso
bom senso nos faz crer que deveremos seguir
aquilo que os nossos avós já recomendavam:
“Coma comida de verdade, meu filho, que isso
aí vai te deixar doente”. (Aqui uma avozinha fala
ao neto que abre um pacote de salgadinho ou
qualquer coisa que ela não reconhece como ali-
mento)
É pessoal, parece que não é desta vez que en-
contramos o vilão. O carboidrato não é o mons-
tro do lago Ness, aquele que queremos flagrar e
condenar como responsável pela nossa gordura
indesejada na região da cintura... A conclusão é
simples e fácil de entender: eliminar ou reduzir
drasticamente o carboidrato não garantirá seu
emagrecimento e a conquista daquela barriga
lisinha das capas das revistas.
21