R a n k i n g d a E n g e n h a r i a B r a s i l e i r a
BNDES projeta R $ 23 bi à infraestrutura
O BNDES se mantém na posição de principal fonte de financiamento de projetos de infraestrutura. Estudo da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros( Anbima) indica que o banco forneceu 73 % do total de R $ 18 bilhões financiados de projetos em 2017, inclusive repasses— participação essa que se manteve estável nos anos recentes. A previsão para 2018 em aportes para infraestrutura pelo BNDES chega a R $ 23 bilhões, com estimativa de R $ 9 bilhões para transportes e saneamento e R $ 14 bilhões para energia.
O financiamento através do mercado de capitais ganhou impulso, somando 11,5 % das transações em 2017, versus apenas 2,7 % em 2012, tendo atingido o pico de 30 % em 2014. Os bancos caminharam em sentido oposto, saindo de 20,7 % dos financiamentos de projetos em 2012 para meros 1,9 % em 2017.
Os efeitos do“ petrolão” continuam a causar estragos na indústria do petróleo e gás, com financiamento zero de projetos desde 2015. O setor de telecomunicações também ficou fora desse mercado no período. Os projetos de energia elétrica ampliaram seu predomínio nos financiamentos, expandindo de 74 % em 2016 para 90 % em 2017.
O BID Invest, setor do banco interamericano dedicado ao setor privado, planeja expandir o volume de financiamento em infraestrutura no País para mais de US $ 500 milhões / ano, não só diretamente, mas também associado a investidores globais. O fundo B2 Infra lançado em maio deve entrar em operação no 1 º semestre de 2019, no total de US $ 1,5 bilhão, com 10 % do BID, 30 % do BNDES e o saldo sendo captado junto ao setor privado e investidores institucionais.
A meta é investir em instrumentos de dívida nos setores de energia, saneamento, transportes e infraestrutura social como hospitais e escolas. Em energia, outra frente de interesse do BID está no setor de transmissão, onde projetos negociados nos leilões recentes equivalem à inversão de R $ 30 bilhões e a maioria ainda busca financiamento.
Ingresso de capital global prossegue
Mesmo que o volume anual de capital global que ingressa no País nos anos recentes não seja considerado à altura do seu potencial— ainda mais se comparado às carências colossais do mercado de infraestrutura e a continuada escassez de recursos públicos oriundos da rubrica investimentos do governo nas três esferas administrativas—, a verdade é que esse fluxo do exterior prossegue. Segundo a IIF— sigla em inglês do Instituo de Finanças Internacionais, houve ingresso de
CINCO PAÍSES EMERGENTES SUPERARAM O BRASIL EM INGRESSO DE CAPITAL EXTERNO
China Índia Turquia México Argentina
US $ 73,7 bilhões US $ 32 bilhões US $ 24 bilhões US $ 22 bilhões US $ 21,7 bilhões
US $ 11,6 bilhões de capital externo no País no 1 º semestre do ano, comparado a US $ 8,1 bilhões do mesmo período de 2017.
Algumas transações nos últimos doze meses envolvendo capital global chamaram atenção. O maior fundo de pensão canadense – Canada Pension Plan Investment Board( CPPIB) – alocou o equivalente a R $ 690 milhões para formar com ativos da Votorantim Energia uma geradora eólica que começa com 565 MW, avaliados em cerca de R $ 3 bilhões, com ambição de dobrar essa produção em alguns anos. Serão transferidos a essa empresa os parques eólicos Ventos do Piauí I e Ventos de Araripe II, na divisa do PI-PE.
A Alberta Investment Management Corp. do Canadá assinou com a gestora brasileira IG4 Capital acordo para injetar R $ 400 milhões no FIP Iguá, controlador da Iguá Saneamento que reúne os ativos da antiga CAB Ambiental. Esses recursos vão acelerar os investimentos da empresa que detém 18 operações em 25 municípios, com 6,6 milhões de pessoas.
O fundo soberano de Cingapura, conhecido como GIC, investiu cerca de R $ 1 bilhão na operadora mineira Algar Telecom, parte do qual será destinado ao reforço da sua atuação no segmento corporativo no Sul e Sudeste e impulsionar a expansão no Nordeste.
As estatais chinesas tem sido das mais ativas. A CCCC-China Communications Construction Co.( CCCC), que se associou à WPR Participações para desenvolver um terminal multicargas em São Luís( MA), assinou financiamento com o Banco Industrial e Comercial da China para implementar o complexo destinado a movimentar 25 milhões t / ano, com acesso estratégico à BR-135 MA-MG e ferrovia de Carajás e a futura Transnordestina. Seu custo é estimado em R $ 2,2 bilhões.
A CCCC ainda assinou acordo recente com o fundo Anessa para desenvolver o terminal graneleiro privado de Babitonga, em São Francisco do Sul( SC), sujeito a due dilligence. Por sua vez, a China Merchant Port pagou R $ 2,9 bilhões por 90 % da TCP, operadora do Terminal de Contêineres de Paranaguá( PR)— quarto em movimento no País.
Statoil da Noruega, associada à Statec Solar, lançou seu primeiro parque solar chamado Apodi( CE), de 162 MW, ao custo estimado de US $ 215 milhões.( ver outras informações na tabela de Investimentos desta seção).
Pesquisa anual está na 47 ª edição
O Ranking da Engenharia Brasileira 2018 é uma pesquisa anual exclusiva da revista OE que envolve cerca de três mil empresas nos qua-
Obras de expansão de terminais portuários avançam
O investimento para aumentar a capacidade de operação dos Terminais de Uso Privado, conhecidos como TUP, superou a marca de R $ 4 bilhões entre 2013 e 2017 – os recursos foram destinados a 11 empreendimentos ao longo da costa do País.
Levantamento da Associação de Terminais Portuários Privados( ATP) revela um aporte do setor privado cinco vezes maior que os investimentos do setor público para melhoria da capacidade portuária.
Ano passado, foram investidos R $ 2,7 bilhões na área portuária, sendo o setor privado responsável por 87 % do valor total aplicado.
Um dos terminais privados que realizam obras de expansão nos últimos anos é o Porto Itapoá, localizado no Norte de Santa Catarina. A empresa acabou de concluir a primeira fase das obras de expansão, que vai permitir ao TUP dobrar sua capacidade. A ampliação, iniciada em 2016, contempla 100 mil m ² adicionais de pátio e mais 170 m de píer, totalizando recursos de R $ 360 milhões.
74 | | Julho / Agosto 2018