T
e c n o l o g i a
D i
g i t a l
Alguns drones não “olham para cima” e não voam sem GPS
Lembram-se aquelas cenas de “alpinistas” descendo para
inspecionar pontes por baixo, ou plataformas articuladas ope-
rando a partir de um caminhão sobre o tabuleiro do viaduto,
levando um técnico para verificar avarias ou corrosão na es-
trutura? Um drone profissional vai tornar estas tarefas obso-
letas — fazendo um voo de inspeção para captar imagens de
alta resolução numa fração do tempo dispendido antes com
os processos tradicionais, e a um custo bem menor!
O DOT (Departamento de Transportes do estado de Min-
nesota, EUA, está testando drones para realizar essas tarefas.
Jennifere Zink da divisão de pontes está conduzindo os estu-
dos, juntamente com a Collins Engineers. Na fase 1, foi testa-
do um drone Aeryon SkyRanger que mostrou qualidades, mas
não “consegue olhar para cima” e fica desorientado quando se
posiciona embaixo da ponte onde falha o sinal de GPS.
O modelo Albris da Sensefly não tem essa limitação, além de
operar sensores ultrasônicos e câmaras fotográficas adicionais,
ter capacidade de olhar para cima a 90º e consegue voar sem
GPS, de modo que consegue operar embaixo de ponte ou via-
duto. Esse drone está sendo testado na fase 2 do programa do
DOT, que inclui a inspeção de tipos diferentes de pontes, mesmo
em espaços confinados, incluindo drenagem, viga caixão, e cor-
rosão do tabuleiro usando inclusive a câmara térmica.
Essa fase 2 busca reunir um conjunto de dados obtidos
por drones, visando a identificar as pontes e viadutos cujas
condições de avarias requeiram inspeções in loco por técnicos,
em ciclos de cinco anos. O uso de drones reduziria ao mínimo
as inspeções físicas in loco, cujos custos expressivos envolvem
acesso, plataformas aéreas, desvio de tráfego etc.
Está sendo avaliado também o material captado pelos
drones: imagem fixa, vídeo, imagens no modo infravermelho,
inserção de georeferências, mapas dos sítios e modelos 3D dos
elementos das pontes ou viadutos e das margens a jusante e
montante. O nível de detalhe pode mostrar inclusive a dete-
rioração do concreto ou da viga metálica.
Fazendo uma simulação dos custos comparando equipe
terrestre vs drone, uma ponte modelo demandou oito dias de
inspeção terrestre, ao custo estimado de US$60 mil, ao passo
que um contrato de drone com consultor especializado custa-
ria cerca de US$ 20 mil e cinco dias no sítio.
Inspecionando de perto uma
barragem de 156 m na Suíça
Ao invés de usar uma plataforma aérea pendurada por cor-
das no topo da barragem Tseuzier, em Valais, Suíça, a opera-
dora resolveu utilizar um drone de alta precisão para captar
imagens de alta resolução da estrutura construída nos anos
50, a 1.800 m de altitude. A empresa senseFly foi contratada
para elaborar um relatório completo sobre a face jusante da
barragem, incluindo um mapa detalhado de avarias detecta-
das, a partir de dados captados pelo drone em forma de orto-
mosaicos de alta resolução e processados em AutoCAD.
Os registros anteriores são 200 folhas A4 de desenhos
anotados pelos técnicos, detalhando cada fissura ou avaria
na face jusante, e suas dimensões, que são atualizados cada
cinco anos. Usando a plataforma pendurada, esses dados são
registrados manualmente, demorando cerca de uma semana
para completar a inspeção da face da barragem. A equipe a
seguir leva outra semana para anotar os dados nos desenhos.
A face mede cerca de 19 mil m² e os parâmetros para
o drone foram fixados em resolução da superfície alvo 0,6
mm; resolução da câmara 38 megapixels; campo de visão
horizontal de 63º e vertical de 47º e distância da face 3,7
m mantido por dispositivo automático. O operador no topo
da barragem vai estar a 100 m de distância, de modo que
as imagens vão ter uma superposição lateral de 60% por
motivos de segurança.
Após duas semanas de voo e processamento das 7 mil
fotos de alta resolução, foram produzidas quatro ortofotos
cobrindo toda a face jusante, com tamanho médio de pixel
de 0,6 mm (possibilitando identificar objetos de 2 mm); uma
nuvem digital de pontos; e relatório completo de avarias da
superfície da barragem. A operadora passou a ter acesso ins-
tantâneo a dados 2D e 3D de qualquer ponto da face da
barragem, graças à nuvem de pontos no programa Pix4Dma-
pper, além de fotos individuais capturadas pelo drone.
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