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processo, sob a qual não se tem controle: a flecha final devida
às cargas permanentes está intrinsicamente pré-determinada,
pois depende da rigidez da estrutura na sua configuração final
(exemplo: livre dos apoios provisórios de construção)
Uma operação de descimbramento tipicamente
envolve as seguintes etapas primárias, que compreendem
desde a fase de concepção da estrutura até a operação de
Recimbramento e posterior descimbramento foram feitos na
montagem
final:
cobertura
do Estádio Nilton Santos (Engenhão), para execução
de reforços estruturais, no Rio de Janeiro (RJ)
A VERIFICAÇÃO DAS FASES CONSTRUTIVAS
Nesta etapa, normalmente executada pela equipe que
projetou a estrutura, adotam-se modelos numéricos para
simular a operação de montagem cujos resultados servirão
de base para as etapas posteriores, bem como para a especi-
fica ção dos equipamentos e estruturas auxiliares necessárias
ao processo de montagem;
O PLANEJAMENTO DA OPERAÇÃO DE CAMPO
De posse dos resultados obtidos nos estudos de monta-
gem efetuados na fase de projeto, parte-se para o planeja-
mento da operação que será realizada no campo. Como fruto
deste esforço, gera-se um procedimento formal que servirá
como guia para a operação, cuja finalidade principal é ga-
rantir a total conformidade do processo com as premissas,
hipóteses e dados oriundos do projeto. Tal conformidade, por
sua vez, garante que a operação a se realizar é segura. Ainda
nesta fase, são definidos os procedimentos de controle do
processo, para monitorar a resposta da estrutura durante o
descimbramento sempre com vistas à conformidade e, em
última análise, à segurança do sistema estrutural nesta fase
provisória.
A EXECUÇÃO DA OPERAÇÃO DE CAMPO
Parte-se agora da teoria para a prática. O grande desafio
nesta fase é o de coordenar as diferentes equipes multidis-
ciplinares envolvidas (tipicamente: engenharia, montagem,
instrumentação, hidráulica, topografia) de tal forma que o
procedimento previamente estabelecido seja efetivamente
g e n h a r i a
cumprido. Nesta fase, há ainda uma série de questões práti-
cas a serem discutidas e planejadas, tais como: a coordena-
ção da equipe de controle dos dispositivos hidráulicos para
garantir a sincronização dos alívios de carga na reação das
torres provisórias, a eliminação de potenciais interferências
ao movimento de descida da estrutura, o treinamento prévio
das equipes para garantir a adequação do preparo, da execu-
ção e a sequência correta das operações previamente defi-
nidas no procedimento, e ainda questões práticas associadas
à segurança do pessoal de campo envolvido na operação,
entre outras diversas demandas.
A título de conclusão, procurou-se mostrar com este breve
artigo que uma operação de descimbramento é simplesmente
uma forma sistemática e segura de fazer com que uma estru-
tura suportada ao longo do vão por apoios provisórios durante
a fase de montagem, passe a ser progressivamente solicitada
às cargas permanentes aplicadas, através do controle das for-
ças de reação nestes apoios usualmente por meio de dispositi-
vos hidráulicos. Este controle tem por finalidade:
• Evitar a migração de carga indesejada de um suporte para
outro ou mesmo a perda prematura de um apoio, algo que
poderia danificar as torres
• Liberar a estrutura principal dos apoios provisórios de
montagem de forma lenta e suave, sem impactos ou efeitos
dinâmicos
As técnicas referenciadas neste artigo foram empregadas
com muito sucesso na montagem de grandes coberturas dos
estádios construídos pela Odebrecht para a Copa do Mundo
e para os Jogos Olímpicos de 2016, eventos estes realizados
no Brasil. Destacam-se, por exemplo, a Arena Corinthians,
localizada em São Paulo, e o Estádio Nilton Santos, no Rio de
Janeiro. Em ambos os casos, a operação de descimbramento
resultou segura e em total conformidade com as premissas
adotadas pelo projeto.
Este tema pode ser explorado com mais abrangência
no link https://www.arcjournals.org/ijcrce/volume-3-issue-2/
*Daniel Lepikson Oliveira é engenheiro mecâni-
co e civil, mestre e doutor em engenharia civil
pela Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo (EPUSP). Trabalha atualmente na área de
Engenharia de Estruturas na empresa alemã SBP
– Schlaich Bergermann und Partner, em Stutt-
gart, Alemanha. Trabalhou como engenheiro civil
no setor de processos construtivos da Odebrecht
Engenharia & Construção Internacional de 2008
a 2017.
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