Edição 565 Janeiro 2018 | Page 21

E n processo, sob a qual não se tem controle: a flecha final devida às cargas permanentes está intrinsicamente pré-determinada, pois depende da rigidez da estrutura na sua configuração final (exemplo: livre dos apoios provisórios de construção) Uma operação de descimbramento tipicamente envolve as seguintes etapas primárias, que compreendem desde a fase de concepção da estrutura até a operação de Recimbramento e posterior descimbramento foram feitos na montagem final: cobertura do Estádio Nilton Santos (Engenhão), para execução de reforços estruturais, no Rio de Janeiro (RJ) A VERIFICAÇÃO DAS FASES CONSTRUTIVAS Nesta etapa, normalmente executada pela equipe que projetou a estrutura, adotam-se modelos numéricos para simular a operação de montagem cujos resultados servirão de base para as etapas posteriores, bem como para a especi- fica ção dos equipamentos e estruturas auxiliares necessárias ao processo de montagem; O PLANEJAMENTO DA OPERAÇÃO DE CAMPO De posse dos resultados obtidos nos estudos de monta- gem efetuados na fase de projeto, parte-se para o planeja- mento da operação que será realizada no campo. Como fruto deste esforço, gera-se um procedimento formal que servirá como guia para a operação, cuja finalidade principal é ga- rantir a total conformidade do processo com as premissas, hipóteses e dados oriundos do projeto. Tal conformidade, por sua vez, garante que a operação a se realizar é segura. Ainda nesta fase, são definidos os procedimentos de controle do processo, para monitorar a resposta da estrutura durante o descimbramento sempre com vistas à conformidade e, em última análise, à segurança do sistema estrutural nesta fase provisória. A EXECUÇÃO DA OPERAÇÃO DE CAMPO Parte-se agora da teoria para a prática. O grande desafio nesta fase é o de coordenar as diferentes equipes multidis- ciplinares envolvidas (tipicamente: engenharia, montagem, instrumentação, hidráulica, topografia) de tal forma que o procedimento previamente estabelecido seja efetivamente g e n h a r i a cumprido. Nesta fase, há ainda uma série de questões práti- cas a serem discutidas e planejadas, tais como: a coordena- ção da equipe de controle dos dispositivos hidráulicos para garantir a sincronização dos alívios de carga na reação das torres provisórias, a eliminação de potenciais interferências ao movimento de descida da estrutura, o treinamento prévio das equipes para garantir a adequação do preparo, da execu- ção e a sequência correta das operações previamente defi- nidas no procedimento, e ainda questões práticas associadas à segurança do pessoal de campo envolvido na operação, entre outras diversas demandas. A título de conclusão, procurou-se mostrar com este breve artigo que uma operação de descimbramento é simplesmente uma forma sistemática e segura de fazer com que uma estru- tura suportada ao longo do vão por apoios provisórios durante a fase de montagem, passe a ser progressivamente solicitada às cargas permanentes aplicadas, através do controle das for- ças de reação nestes apoios usualmente por meio de dispositi- vos hidráulicos. Este controle tem por finalidade: • Evitar a migração de carga indesejada de um suporte para outro ou mesmo a perda prematura de um apoio, algo que poderia danificar as torres • Liberar a estrutura principal dos apoios provisórios de montagem de forma lenta e suave, sem impactos ou efeitos dinâmicos As técnicas referenciadas neste artigo foram empregadas com muito sucesso na montagem de grandes coberturas dos estádios construídos pela Odebrecht para a Copa do Mundo e para os Jogos Olímpicos de 2016, eventos estes realizados no Brasil. Destacam-se, por exemplo, a Arena Corinthians, localizada em São Paulo, e o Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro. Em ambos os casos, a operação de descimbramento resultou segura e em total conformidade com as premissas adotadas pelo projeto. Este tema pode ser explorado com mais abrangência no link https://www.arcjournals.org/ijcrce/volume-3-issue-2/ *Daniel Lepikson Oliveira é engenheiro mecâni- co e civil, mestre e doutor em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP). Trabalha atualmente na área de Engenharia de Estruturas na empresa alemã SBP – Schlaich Bergermann und Partner, em Stutt- gart, Alemanha. Trabalhou como engenheiro civil no setor de processos construtivos da Odebrecht Engenharia & Construção Internacional de 2008 a 2017. www.revistaoempreiteiro.com.br | 21 1