Edição 562 Julho/Agosto revistaOE562_V2b_11OUT | Page 106
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n e a M e n t o
Obras em sistema de abastecimento contam com t�cnicas mar�timas
Quissamã é uma cidade localizada no norte do Estado do Rio de
Janeiro, que convivia com graves problemas de abastecimento de água.
O manancial supridor do sistema de abastecimento é a Lagoa Feia, que
é a segunda maior lagoa de água doce do Brasil. O canal de captação,
por possuir grande extensão e pequena profundidade, não propiciava
um fl uxo hidrodinâmico de renovação, exponenciando a proliferação
de cianobactérias e de algas anabaenas, além de apresentar elevados
teores de ferro, difi cultando sobremaneira as condições de tratamento e
pondo em risco a potabilidade da água.
Assim, a Dimensional foi contratada pela Cedae para resolver esse
problema. A solução encontrada foi a implantação de uma captação
submersa distante das margens da Lagoa.
Para construir a linha de captação submersa com 840 m de extensão
a Dimensional utilizou uma metodologia similar à de implantação de um
emissário submarino. Primeiramente os tubos de PEAD DN 550 mm foram
soldados em um dique seco por termofusão em tramos de 120 m.
Posteriormente, foram lançados ao meio aquoso com o auxílio de
guindastes. Na água, com ajuda de embarcações dotadas de guinchos e
talhas, foram montados na tubulação os blocos de ancoragem de con-
creto pré-fabricados com a orientação de mergulhadores certifi cados.
Nas extremidades de cada tramo foram soldados fl anges para per-
mitir a sua conexão na água. A tarefa de posicionamento, alinhamento
e união desses segmentos exigiu uma janela de trabalho com poucas
ondulações e vento de baixa intensidade. Os tramos foram transporta-
dos por fl utuação com o auxílio de rebocadores.
Após a consolidação do comprimento total da tu-
bulação, foi iniciado o trabalho de afundamento da
linha, com o auxílio de uma válvula de controle de en-
trada e saída de água/ar, e de supervisão de barcos de
apoio e de mergulhadores profi ssionais.
Além dessa intervenção, também foi construída
uma nova estação elevatória (baixo recalque), implan-
tada uma linha de recalque em DeFoFo de 300 mm, re-
formada e redimensionada a elevatória existente (alto
recalque), revisada e corrigida pontualmente a adutora
de água bruta, colocados módulos tubulares nos decan-
tadores, instalado um fl oculador metálico compacto,
requalifi cado e reativado o reservatório elevado existen-
te, além de implantado um sistema de tratamento de
efl uentes da ETA, com adensador e centrífuga de lodo.
Após as intervenções, houve uma melhora signifi -
cativa na qualidade da água fornecida na cidade, bem
como melhorada substancialmente a vazão de água
disponibilizada à população.
Soft�ares auxiliam Sabesp contra crise ��drica
Com o objetivo de reduzir o impacto à população e o risco opera-
cional, a Sabesp estruturou um plano para redução das vazões retira-
das do Sistema Cantareira, cuja estratégia de atuação foi baseada nos
seguintes pontos centrais: incentivo à redução do consumo de água
através de um Programa de Bônus, ou seja, quem consumisse menos
água teria bonifi cação na conta de consumo; transferência de água tra-
tada de outros sistemas para a área atendida pelo Sistema Cantareira; e
intensifi cação do programa de combate às perdas e gestão de pressão.
Para pôr em prática o plano, uma das ações principais se deu por
meio de simulações hidráulicas do sistema adutor do Sistema Integrado
Metropolitano (SIM), realizadas com os softwares WaterGEMS e Ham-
mer da Bentley Systems.
A facilidade na análise dos cálculos no WaterGEMS, com as fer-
ramentas de cores e gráfi cos, associada à experiência dos engenhei-
ros, trouxe soluções efi cientes que juntos com as demais ações usadas
para administrar a crise hídrica, reduziu signifi cativamente a retirada
do Sistema Cantareira, dos antes 33m³/s (2013) para 13,5m³/s (2015),
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facilitando a transferência segura diária de 1,1 trilhão de l de água para
a região metropolitana.
A montagem do modelo hidráulico e o carregamento de dados ope-
racionais associados ao GIS e SCADA/PIMS reduziram em mais de 70%
o tempo gasto com o levantamento de dados em plantas cadastrais e
campanhas de medições em campo. Por fi m, o modelo completo foi
calibrado com uma redução do tempo estimado em 80%.
Uma grande inovação aplicada foi o aproveitamento do modelo Wa-
terGEMS como base para os cálculos em regime transitório no Hammer,
que reduziu o tempo de construção do modelo de transientes signifi ca-
tivamente, diminuindo o custo hora-homem em aproximadamente 85%.
A urgência da crise exigiu da equipe de modelagem da Sabesp solu-
ções de implantação de curto prazo. Por consequência, o ROI do projeto
foi aumentado a partir da redução do tempo de projeto, de implantação
e pela manutenção do fornecimento de água. Com a utilização das so-
luções WaterGEMS e Hammer, foi possível a execução das intervenções
no sistema em tempo recorde: pouco mais de 4 meses.