Inside
FARROUPILHA, 25 DE AGOSTO DE 2017
11
Sétima Arte
humanizada em T2
Divulgação
Triângulo amoroso?
Os velhos amigos
Simon (Jonny Lee
Miller) e Mark (Ewan
McGregor) brindam
com a bela Veronika
(Anjela Nedyalkova): no
fundo todo mundo quer
apenas se dar bem
na conversa. Sua observação
é perfeita e ela faz ainda mais
sentido se os dois filmes fo-
rem vistos na sequência.
Mark, que passou a perna
nos amigos após uma venda
bem-sucedida de heroína em
Londres, retorna a Edimbur-
go depois de duas décadas
vivendo em Amsterdã. Ele
está prestes a reencontrar o
trio, com todos os problemas
que isso pode acarretar por
conta de sua traição. E pa-
rece que ele anseia mesmo
pela reunião, como se deves-
se uma satisfação.
Spud, agora Daniel Mur-
phy, vive em um apartamento
semiabandonado na perife-
ria da cidade e paga o preço
pelo consumo desenfreado
de heroína. Simon cuida de
um bar que pertencia a uma
tia, faz um bico como cafe-
tão, chantageia seus clientes
em busca de grana para sus-
tentar seu vício em cocaína
e sonha em ter uma grande
casa de prostituição. Frank,
o único do quarteto que não
consumia heroína, mas era
um arruaceiro, está preso.
Até mesmo a mudança de
nome de dois protagonistas
sugere um recomeço. Mur-
phy era inofensivo e foi o úni-
co a não ser sacaneado por
Mark. Simon e Frank, por sua
vez, desejam vingança. Mas
há um componente novo
nessa história. A bela Veroni-
ka Kovach (Anjela Nedyalko-
va), que deixou a Bulgária em
busca de uma vida nova em
Edimburgo e é parceira de
chantagem de Simon.
Ao longo da trama, episó-
dios do passado vêm à tona a
todo instante, que serve para
reposicionar o espectador na
sequência e como uma es-
pécie de catarse emocional,
que deflagra uma série de
lembranças, que transitam
facilmente do saudosismo à
raiva, como se houvesse re-
almente algo para ser ajus-
tado. Como se o roteiro que
surge de uma amizade, pas-
sa por uma oportunidade e
desemboca em uma traição,
por vezes dito na obra, não
bastasse em si.
Personagens secundários
do original reaparecem no
T2 que, assim como a obra
que o antecedeu, tem um
ótimo roteiro, está repleto
de referências culturais e
tem ótima trilha sonora, que
conta, entre outras faixas,
com “Dreaming”, do Blondie,
“(White Man) In Hammersmi-
th Palais”, do Clash, “Radio
Ga Ga”, do Queen e, para en-
cerrar, a bela balada “Silk”,
de Wolf Alice, e a mais do
que apropriada “Lust for
Life”, do Iggy Pop.
É obrigatória a compa-
ração entre as obras e, em
muitos casos, inevitável uma
ponta de saudosismo do fil-
me original. Como se o espec-
tador se compadecesse das
escolhas erradas que condu-
ziram os protagonistas por
uma vida errante. Como se o
momento de escolher o futuro
fosse justamente agora, mas
feito a partir de um necessá-
rio acerto de contas com fan-
tasmas do passado. Se ficou
algo faltando em Trainspot-
ting, essa lacuna foi devida-
mente preenchida.
T2 Trainspotting
Direção
Danny Boyle
Roteiro
John Hodge
Gênero
Drama
Duração
117 minutos
País
Escócia
Ano de produção
2016
Estúdio
TriStar Pictures
Film 4
Creative Scotland
DNA Films
Decibel Films
Cloud Eight Films
Distribuição
Sony Pictures