Ed. 321 - completa Novembro / Dezembro - 2020 | Page 94

ARTIGO

em forma de V , U , W ou até parecido com o símbolo da Nike e durar pelo menos até metade do ano que vem . O mundo vai dar um passo atrás onde há cadeias complexas . A China está mudando o eixo da demanda de agroalimentares ( investimento e frigoríficos ), mas a África aparece com grande demanda por alimentos . Estratégias de baixo estoque melhoram o capital de giro , mas impedem de mitigar o risco de abastecimento . Os empresários mais esclarecidos vão desconcentrar , ou seja , criar redes mais locais e diversificadas para permanecerem e formarem parcerias de longo prazo . Para compensar o efeito no momento pós-crise , após os estragos , muitos terão o desejo de mudar a estratégia . Para alguns segmentos penso que poderá ser difícil - como o segmento eletrônico . A China já se tornou um elemento muito importante e poderoso para migrar ao nacional . Para a eletrônica , a solução deveria vir de um plano de país , não de mercado .
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL - A estratégia de preço continua alta , as empresas irão procurar ganhar com preço e custo-benefício . A grande tendência é acelerar o comércio eletrônico , tanto para o consumidor quanto para quem quiser expandir seus mercados . A demanda pela digitalização de produtos e serviços está sendo acelerada durante a crise . Acredita-se que a produção vai ter que estar mais próxima do consumidor , dos mercados . Portanto o projeto , que pode vir por meios digitais ( proprietário ou mesmo aberto ), pode ser o grande fator de integração global . Ou seja , a indústria vai se aproximar mais dos serviços , na ponta . Para indústria leve “ faltou competência ” para digitalização ( força de vendas por exemplo ), não fizeram o dever de casa ; empresas terão que abandonar a “ gambiarra digital ”.
Ou é integralmente digital ou não é . Plataformas digitais competentes , mesmo que sejam pequenas , são as que irão sobreviver . O comércio online deixa de ser uma opção secundária de compras . As lojas físicas serão redesenhadas como espaços de experimentação da marca , mas as vendas migrarão mais rápido para o online do que se imaginou antes .
Exemplo : 95 % das lojas Starbucks ( estruturadas para serem a terceira localização mais importante para quem as frequenta , depois da casa e do trabalho ) foram reabertas na China mas o movimento na loja é de 60 % do que era . As pessoas não consomem mais na loja , compram e vão embora . Starbucks deve rever o modelo , reduzindo espaço de convivência ; Os maiores varejistas americanos já demitiram mais de 1 milhão de pessoas e devem reempregar somente 85 % deles no fim da crise . A explicação é que o comércio tradicional vai encolher .
Os modelos adotados irão modificar . Daqui a algum tempo haverá uma retomada , “ a bola estará no centro de campo e iniciará um novo jogo ”, com outros parâmetros : o “ novo normal ”. Muita gente demitida e poucos jogadores em campo , multifuncionalidade e flexibilidade da força de trabalho parecem ser características fundamentais daqui para frente .
NEGÓCIOS - Diversos setores estavam crescendo no momento pré-crise . Havia demanda e muitas entregas foram feitas . Como não há novas vendas ao varejo , a inadimplência está batendo a produção primária ( as fábricas ).
A tendência de menos contato com pessoas está fazendo com que as empresas se adaptem ao home-office ( escritório em casa ). Isso gera um trabalho conjunto entre RH e TI para viabilizar este processo . Questões históricas de compliance ( agir de acordo com uma ordem , um conjunto de regras ou um pedido ) e barreiras culturais estão sendo rompidas . Não há como desenvolver uma cadeia de suprimentos imune a isso , a menos que tenha um negócio menor e com a cadeia próxima .
Parte da sistemática de produção Lean está sendo posta em xeque ( just in time ). A política de estoque Lean deve ser revista . A cadeia deve ser mais local ou depende-se de produção menos distante ou culturas distintas . A dependência de importação até o mercado se estabilizar será complicada . Prioridade de estoques estratégicos . Grandes corporações deverão repensar sua estratégia ou centros de distribuição . Alguns negócios preocupam , como o abafamento de fornos , aciarias , pois não se pode simplesmente reiniciar imediatamente .
EDUCAÇÃO - Boa parte dos Institutos de Ensino Superior ( IES ) também não fizeram seu dever e estão sofrendo agora pois precisam acelerar o processo de Transformação Digital . As universidades que não mudarem irão desaparecer com o tempo , ficar para trás ; a educação online , por sua vez , está se provando no meio da crise . Haverá uma revolução na forma como se aprende em todos os níveis .
POLÍTICA - Parece que este modelo de produção global the winner takes all ( o vencedor leva tudo ) chegou num limite . Tudo é cíclico , escala para redução de custos , acelerar a automação , entre outros . Este modelo não se aplica mais , de fato deveria ser seguida uma política de segurança nacional . Países estão pensando em sua matriz de abastecimento , não somente as organizações . O excesso de globalização está nos fazendo refletir sobre muitas coisas . Alguns segmentos “ abusaram ” da globalização , como o automotivo e a aviação , e estão entre os mais afetados . Carece uma política de incentivo a indústria local , o que faria sentido , embora no Brasil os prefeitos e governadores estejam gerindo de maneira não estratégica .
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