Ed. 320 - completa Setembro / Outubro - 2020 | Page 53
mantém um cadastro com os dados
de todos os clientes. “É o nosso teletime,
um sistema usado desde a década
de 1970, que tem nos ajudado
muito a vender. Vocês não têm ideia
do resultado desta ação, mas não
pode ser um atendimento artificial,
robótico. Quando as pessoas são
abordadas de um jeito bacana elas
trazem resultados tanto para o atacado
quanto para o varejo”, contou
Caito, que espera dobrar as vendas
com essas ações de telemarketing.
Uma das características da
Chilli Beans é a rapidez na tomada
de decisões. Prova disso é a criação
de um novo produto durante a pandemia
o qual passou a fazer parte
do mix da marca. É um desembaçador
de lentes, que foi idealizado
pelo próprio Caito a partir de
uma experiência pessoal. Num dia
qualquer do último mês de abril,
ao colocar uma máscara no rosto,
notou que as lentes dos seus óculos
embaçaram na hora, e isso lhe
causou primeiramente um pânico,
pois imediatamente pensou que se
isso aconteceu com ele também
estaria acontecendo com todos os
usuários dos óculos que ele próprio
vende. Então, o passo seguinte foi
se acalmar para poder propor alguma
solução, que certamente poderia
se tornar uma oportunidade de
negócios.
A saída para este dilema foi
inspirada nos sprays usados para
desembaçar os óculos dos praticantes
de esqui, que necessitam ter as
lentes sempre limpas por questões
de segurança no esporte. Buscou
fornecedores e foi estabelecida
uma fórmula que hoje se encontra
à venda nas lojas. “Queremos crescer
no mercado e para isso vamos
para cima, com tudo”, empolgou-se
o empresário observando que para
ser ágil, não é preciso atropelar os
trâmites naturais na hierarquia da
empresa. “Tem que passar pelos
gerentes e diretoria, mas tudo isso
de forma que em um prazo de 48
horas a solução seja apresentada”,
determinou.
Outro exemplo de percepção do
mercado é que as lojas começaram
a vender o dobro de óculos de grau.
Antes da pandemia os óculos de sol
somavam 80% das vendas e somente
20% eram resultados dos óculos
de grau. Agora, esta relação está
50% a 50%. E isso motivou a empresa
a apostar ainda mais neste nicho,
e, além de colocar mais opções na
grade de oferta aos clientes, preparou
o lançamento em setembro de
uma campanha nacional voltada
exclusivamente para a venda de
óculos de grau para fortalecer a
marca no segmento. Toda a semana
a marca lança uma coleção nova
de óculos, sendo dez modelos de
óculos escuros, cinco de relógios e
cinco de óculos de grau.
Sobre o varejo no futuro, Caito
acredita que o comércio vai se basear
em duas coisas: agilidade e relacionamento.
“O sucesso do ponto
de venda dependerá cada vez mais
de o quanto você pode ser mutante,
claro que mantendo a essência
do negócio, e o grau de relacionamento
estabelecido com o cliente”,
pontuou.
Voltando à época da criação
da marca, o empresário lembrou
que no início copiava modelos de
grandes marcas como Gut, Channel
e Prada, mas logo percebeu que o
caminho não precisaria ser este
e apostou na criação de modelos
próprios. “Acho maravilhosos os
grandes polos lançadores de moda,
como Milão ou Paris, mas nós, brasileiros,
somos tão criativos, temos
tanta personalidade, construímos
uma cultura multirracial e devemos
abastecer a nossa criatividade com
tudo isso que está bem ao nosso redor.
Quando comecei a evitar que
os nossos designers fossem buscar
inspirações nas feiras no exterior,
eles imediatamente se inspiram na
própria cultura brasileira e também
mundial, mas não nos mesmos lugares
em que todos os outros estilistas
frequentam. Com isso fortalecemos
a personalidade da marca”, explicou.
O resultado dessa estratégia é
que nos últimos anos a Chili Beans
tem surpreendido o mercado com
os lançamentos oferecidos. Um
exemplo é o modelo de óculos de
sol cuja armação muda de cor devido
a um sistema que gira verticalmente
todo o conjunto das lentes.
Como cada um dos lados (dentro
e fora) tem uma cor diferente, a
impressão é que a pessoa trocou
de óculos. “É uma tecnologia brasileira,
não copiamos de ninguém”,
ressaltou.
Outras características da marca
são não datar os seus desenvolvimentos
como sendo para a primavera-verão
ou outono-inverno e não
oferecer descontos. “O cliente não
deixa de comprar nossos produtos,
pois o propósito da marca é maior
do que o preço, que passa a ser secundário”,
aponta o empresário que
acredita que as lojas que tenham
propósito, história, criatividade,
buscam se atualizar sempre com
ralação as novas tecnologias disponíveis
e estabelecem uma relação
mais próxima com o cliente sairão
fortalecidas desta situação atípica
pela qual estamos passando hoje.
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