Ed. 320 - completa Setembro / Outubro - 2020 | Page 29

PARCELAR FOLHA DE PAGAMENTO PODE SER problema no futuro Recentemente, o Governo Federal aprovou o parcelamento da folha de pagamento das empresas diante da pandemia de coronavírus, com o objetivo de facilitar a vida do contribuinte. Porém, como ficam as empresas daqui algum tempo após aderir à facilitação? As medidas podem apresentar situações críticas às empresas, conforme cita o advogado especialista em Direito Empresarial, Sandro Wainstein. “As medidas do governo federal para prorrogar os vencimentos dos tributos em grande parte são realmente positivas para o contribuinte em geral. Mas é claro que existem algumas questões que não são benéficas, tais como a sobrecarga tributária que irá gerar ao final do período de prorrogação do prazo de recolhimento dos tributos”, esclarece. Segundo Sandro, as medidas podem trazer acúmulos de dívidas para um futuro próximo. “Talvez nem de má fé, mas quando a União libera a obtenção de linhas de financiamento para pagamento de folha, faz com que o tributo sobre a folha não seja afastado, mas, sim, prorrogado. O contribuinte, por sua vez, vai honrar com a folha, mas pagará juros e ainda depois o próprio imposto sobre a folha”, explica. Ele esclarece que o governo, de uma forma ou outra, ao mesmo tempo que beneficia, coloca o ônus de postergação nas contas do contribuinte. No fim, se o contribuinte calcular o valor deste empréstimo para honrar a folha, a taxa da operação financeira é muito superior a qualquer outra taxa de juros. “Se os cálculos não forem feitos, ele vai achar que está pagando a folha em dia, mas volta para o governo mais do que ele deu. Muitas vezes, as empresas não conseguem ter essa noção, não fazem o cálculo financeiro do que é pagar a folha com empréstimo do governo”, alerta o especialista. setembro | outubro • 29