mercados, que ganharam mais
de 560 mil novos domicílios. Categorias
de despensa são as que
mais crescem no atacarejo, como
pão industrializado, salgadinho,
biscoito, refrigerante e leite UHT.
Ele é o principal canal de abastecimento,
atingindo quase 75%
de importância para esse tipo de
compra, o que representa quase
20 categorias. Já no hipermercado,
as compras são menores e
trazem categorias de reposição
para o dia a dia, como maionese,
multiuso, café, detergente e presuntaria,
além de um número menor
de categorias compradas, que
são apenas 11.
Outra mudança importante
é o aumento do home office:
23% dos brasileiros já dizem estar
trabalhando remotamente e
essa ação traz consequências em
hábitos já muito estabelecidos,
como os de cuidado pessoal. Se
mensurarmos os impactos, podemos
dizer que mais de um bilhão
de ocasiões estão em risco, já que
21% das ocasiões de uso dessa
cesta são voltadas para o ato de
se arrumar para ir ao trabalho ou
à escola e 4% voltadas para o ato
de sair e socializar. Por exemplo,
nos Estados Unidos, a maquiagem
enfrenta potencial de perda nas
ocasiões de uso devido aos diferentes
hábitos de quem trabalha
dentro e fora de casa. Só lá, pode
ser de 402 milhões de ocasiões a
menos. Além disso, outros costumes
como lavar o rosto e os cabelos
poderão sofrer algumas mudanças.
Na China, por exemplo, a
hashtag #NoHairWash tornou-se
popular.
Na divisão por gênero, as diferenças
são ainda mais relevantes,
onde 15 categorias voltadas
para mulheres têm potencial
para serem impactadas, como
sabonetes líquidos e em barra,
maquiagens e removedores, cremes
dentais, hidratantes faciais e
corporais, depiladores e lâminas,
desodorantes, fragrâncias e demais
produtos para estilização,
cuidado íntimo e banho. Já entre
os homens, somente 7 categorias
devem perder ocasiões de uso:
xampus, produtos para banho,
creme dental, ferramentas para
estilização, fio dental, fragrância
e antisséptico bucal. “As mudanças
nos hábitos em relação à barba
tendem a ser importantes, considerando
que 32% dos homens
afirmam se barbear estritamente
por motivos profissionais. O consumo
de desodorantes também
está em risco, considerando que
40% de suas ocasiões de consumo
no Brasil são relacionadas a
se preparar para trabalhar ou ir
à escola”, analisa a diretora de
negócios da Kantar no Brasil, Elen
Wedemann.
O que vai diferenciar o impacto
negativo no consumo dessas
categorias não será somente o
tempo de duração da quarentena,
mas como o comprador irá
ressurgir após passar por essa
experiência transformadora. De
acordo com dados da Kantar na
China, os legados dessa crise trarão
atitudes mais conservadoras.
Além da maior atenção aos benefícios
dos produtos e busca por
aparelhos desinfetantes, surgem
novas atitudes e comportamentos
que irão permear o consumo
a partir de agora, alinhadas com
conceitos como economia para
tempos difíceis, redução de gastos
desnecessários, busca por
prazeres instantâneos e valorização
de momentos e ações que
não podem ser comprados. Entre
eles, mais tempo com a família e
amigos, maior espiritualização e
melhora como ser humano.
A pesquisa da Kantar na China
sinaliza também outras mudanças
em relação aos hábitos póscrise.
Entre as categorias que devem
ser diminuídas ou cortadas
estão as de luxo e entretenimento
online. Já eletrônicos, utensílios
domésticos, equipamentos para
ginástica em casa, bebidas alcoólicas
e cosméticos medicinais
devem permanecer ou terem impacto
limitado. As despesas que
podem aumentar são as com prevenção
contra epidemias, vestuário,
cosméticos, remédios, alimentos,
bebidas, ginástica, salões de
beleza, limpeza doméstica, seguros
de vida e médicos, suplementos
nutricionais, cuidados pessoais,
refeições e entretenimento
fora de casa, turismo e ações ou
gestão de patrimônio.
maio | junho • 89