Ed. 318 - completa Maio / Junho - 2020 | Page 57

“ Os sinais do setor no início de 2020 eram muito promissores, várias feiras como a Couromoda, Inspiramais, Indian International Leather Fair e Lineapelle indicavam a revalorização do couro em todos os segmentos. Esse movimento estava refletindo na expectativa dos profissionais da indústria do couro em resgatar o uso desta nobre e sustentável matéria-prima. Também existia um movimento generalizado do setor couro em defender as virtudes do mesmo frente aos materiais concorrentes provenientes de fontes não renováveis, procurando colocar ao consumidor final as diferenças entre nosso produto, um claro exemplo de economia circular, e os diversos tipos de plásticos. Por fim, o preço baixo das peles (matéria-prima para o couro) também indicava uma revalorização dos couros de melhor qualidade com acabamentos mais leves que evidenciariam a naturalidade e nobreza do couro. Como entidade de classe de perfil técnico, cabe a ABQTIC estimular seu quadro de associados a buscar mais ainda o aperfeiçoamento profissional, pois entendemos que um novo mundo ressurgirá pós covid-19. Cremos que esse novo mundo irá valorizar os bens mais perenes de base sustentável (aí incluímos artigos de couro) e evitará os produtos supérfluos de baixa durabilidade e procedentes de fontes não renováveis. Portanto, no que se refere ao papel da entidade frente a esses novos tempos, entendemos que devemos estimular tecnicamente nosso quadro de associados e fazer com que busquem mutuamente o reconhecimento das virtudes dessa nobre matéria-prima para vários segmentos do mercado. Vamos propor reuniões técnicas com foco em enriquecimento do conhecimento e troca de experiências entre os técnicos com mais bagagem profissional e os jovens técnicos que estão renovando nosso mercado.” Celso Ricardo Schwingel presidente da Associação Brasileira dos Químicos e Técnicos da Indústria do Couro (ABQTIC) “ Comecei 2020 esperançoso. O cenário do final de 2019 indicava que afinal o novo ano seria de crescimento. O câmbio estava em um patamar favorável, os juros baixos, a reforma trabalhista fora aprovada e o custo Brasil finalmente estava sendo atacado, com as outras reformas a caminho. O posicionamento pró competição da equipe econômica do governo entusiasmava, afinal de contas desenvolvemos tecnologias justamente para aumentar a produtividade e competividade das indústrias de couro e de calçados. O mercado mundial acenava com indicadores de crescimento nos principais países do planeta, o que sempre gera bons negócios para nossos clientes e disposição para investir em atualização tecnológica. Ainda vimos este clima positivo na Tanning Tech, em fevereiro (Milão/Itália). E as perspectivas eram muito animadoras para a Fimec, o principal evento brasileiro do setor de tecnologia para a produção de couros e calçados. Mas agora, a perspectiva mudou para uma severa recessão, similar à do crash de 1929. Estamos nesta situação que é uma mistura de paralisação econômica e pânico pela epidemia. O que podemos fazer? Em primeiro lugar, acabar com o pânico. Pânico nunca fez bem a ninguém em situação alguma. Internalizar que estamos vivendo tempos difíceis, mas lembrar que tudo isto já aconteceu no passado. Guerras, pestes, quebras de bolsa... todos já ocorreram antes e de todos nos recuperamos. Às vezes ficamos até melhores do que éramos anteriormente. Neste meio tempo - porque infelizmente vai levar tempo - vamos cumprindo nossos papéis como indivíduos, empresas e associações, buscando conhecimento. Adotamos as melhores práticas de prevenção, fazendo o possível para manter o funcionamento - mesmo que parcial - das nossas famílias, empresas e associações. Tendo permanente interlocução com outros setores da economia e com o governo, buscando soluções para atravessar a crise. Esta pandemia do coronavírus nos colocou em uma situação de guerra. Em situações de guerra, medidas extremas são necessárias. Mas vamos aprender, resistir, trabalhar e vencer.” André Nodari presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro, Calçados e Afins (Abrameq) maio | junho • 57