“
Os sinais do setor no início de 2020 eram muito promissores,
várias feiras como a Couromoda, Inspiramais,
Indian International Leather Fair e Lineapelle indicavam
a revalorização do couro em todos os segmentos. Esse
movimento estava refletindo na expectativa dos profissionais
da indústria do couro em resgatar o uso desta nobre e
sustentável matéria-prima. Também existia um movimento
generalizado do setor couro em defender as virtudes do
mesmo frente aos materiais concorrentes provenientes de
fontes não renováveis, procurando colocar ao consumidor
final as diferenças entre nosso produto, um claro exemplo
de economia circular, e os diversos tipos de plásticos. Por
fim, o preço baixo das peles (matéria-prima para o couro)
também indicava uma revalorização dos couros de melhor
qualidade com acabamentos mais leves que evidenciariam
a naturalidade e nobreza do couro. Como entidade de classe
de perfil técnico, cabe a ABQTIC estimular seu quadro
de associados a buscar mais ainda o aperfeiçoamento profissional,
pois entendemos que um novo mundo ressurgirá
pós covid-19. Cremos que esse novo mundo irá valorizar os
bens mais perenes de base sustentável (aí incluímos artigos
de couro) e evitará os produtos supérfluos de baixa durabilidade
e procedentes de fontes não renováveis. Portanto,
no que se refere ao papel da entidade frente a esses novos
tempos, entendemos que devemos estimular tecnicamente
nosso quadro de associados e fazer com que busquem
mutuamente o reconhecimento das virtudes dessa nobre
matéria-prima para vários segmentos do mercado. Vamos
propor reuniões técnicas com foco em enriquecimento do
conhecimento e troca de experiências entre os técnicos
com mais bagagem profissional e os jovens técnicos que
estão renovando nosso mercado.”
Celso Ricardo Schwingel
presidente da
Associação Brasileira
dos Químicos e Técnicos
da Indústria do Couro
(ABQTIC)
“
Comecei 2020 esperançoso. O cenário do final de
2019 indicava que afinal o novo ano seria de crescimento.
O câmbio estava em um patamar favorável, os juros
baixos, a reforma trabalhista fora aprovada e o custo Brasil
finalmente estava sendo atacado, com as outras reformas
a caminho. O posicionamento pró competição da equipe
econômica do governo entusiasmava, afinal de contas desenvolvemos
tecnologias justamente para aumentar a produtividade
e competividade das indústrias de couro e de
calçados. O mercado mundial acenava com indicadores de
crescimento nos principais países do planeta, o que sempre
gera bons negócios para nossos clientes e disposição para
investir em atualização tecnológica. Ainda vimos este clima
positivo na Tanning Tech, em fevereiro (Milão/Itália). E as
perspectivas eram muito animadoras para a Fimec, o principal
evento brasileiro do setor de tecnologia para a produção
de couros e calçados. Mas agora, a perspectiva mudou
para uma severa recessão, similar à do crash de 1929.
Estamos nesta situação que é uma mistura de paralisação
econômica e pânico pela epidemia. O que podemos fazer?
Em primeiro lugar, acabar com o pânico. Pânico nunca fez
bem a ninguém em situação alguma. Internalizar que estamos
vivendo tempos difíceis, mas lembrar que tudo isto já
aconteceu no passado. Guerras, pestes, quebras de bolsa...
todos já ocorreram antes e de todos nos recuperamos. Às
vezes ficamos até melhores do que éramos anteriormente.
Neste meio tempo - porque infelizmente vai levar tempo
- vamos cumprindo nossos papéis como indivíduos, empresas
e associações, buscando conhecimento. Adotamos as
melhores práticas de prevenção, fazendo o possível para
manter o funcionamento - mesmo que parcial - das nossas
famílias, empresas e associações. Tendo permanente interlocução
com outros setores da economia e com o governo,
buscando soluções para atravessar a crise. Esta pandemia
do coronavírus nos colocou em uma situação de guerra.
Em situações de guerra, medidas extremas são necessárias.
Mas vamos aprender, resistir, trabalhar e vencer.”
André Nodari
presidente da
Associação Brasileira
das Indústrias
de Máquinas e
Equipamentos para
os Setores do Couro,
Calçados e Afins
(Abrameq)
maio | junho • 57