“
No início do ano, tínhamos uma
expectativa de crescimento de
2,5% na produção de calçados, que
seria embalada, especialmente, pela
recuperação do mercado interno brasileiro,
responsável por mais de 85%
das vendas do setor. Por conta do impacto
da crise provocada pelo avanço
do novo coronavírus, refizemos essa
expectativa. Para o primeiro semestre
de 2020, estima-se uma queda entre
25,2% e 29,7% ante período correspondente
do ano passado. Ressaltamos
que, para o ano fechado, a estimativa
fica prejudicada por conta das incertezas
relativas ao avanço da pandemia
no Brasil e no mundo.
Mesmo que, conforme levantamento
da Abicalçados junto a empresas
associadas, cerca de 60% das
fábricas estejam já em funcionamento
(referente ao mês de abril), ainda não
existe uma perspectiva de novos pedidos
do varejo. Pelo contrário, desde o
“
Antes do Covid-19, o mercado
vinha reagindo bem. Tudo indicava
que seria o primeiro ano de um
crescimento um pouco mais forte para
o varejo de calçados, assim como para
outros segmentos. A Ablac tinha a expectativa
de um crescimento entre
4,5 e 5% este ano, o que seria um belo
desempenho, tendo em vista que, no
anterior, o varejo de calçados cresceu
pouco mais 1%. A pandemia mudou
tudo, principalmente porque o nosso
setor não estava preparado para ter
a venda de forma digital. O mercado
de sapatos é um pouco diferente do
de outros produtos. O consumidor gosta
de tocar e experimentar o calçado
ao comprar. Além disso, não há um padrão
de numeração no Brasil, o que é
mais um problema a ser enfrentado. O
34 de uma fábrica é diferente do 34 de
outra. O que a Ablac tem feito como
associação de lojistas desde o início
da pandemia é garantir o emprego,
porque as lojas precisarão da mão
de obra para a retomada das atividades,
seja em qualquer período que ela
ocorrer. Hoje (abril), estamos com 97%
das lojas fechadas e uma perspectiva
de abertura para as próximas semanas
em boa parte dos estados, o que deve
melhorar um pouco o quadro do setor
em nível nacional.
Levantamentos da Ablac indicam
que o varejo de calçados está, hoje,
com uma queda de vendas de 20% em
relação ao mesmo período de 2019.
Neste cenário de crise, o Dia das Mães,
que tradicionalmente é uma das melhores
datas de vendas do ano, não
deverá ter a mesma força, prevendo-se
queda de 13% em relação ao
ano anterior. Os próximos meses não
deverão apresentar um desempenho
capaz de reverter o quadro atual. A retomada
das atividades será lenta e as
lojas terão que conviver com um consumidor
com novos hábitos de compra
início da crise foram muitos os cancelamentos
e pedidos de postergação de
prazos de pagamento, prejudicando o
caixa das empresas. As empresas que
estão voltando agora, estão operando
com capacidade reduzida, para honrar
pedidos anteriores. Infelizmente,
sem a ponta do varejo em operação,
comercializando os nossos produtos,
não temos o que produzir, e o quadro
atual se impõe. Desde o início da crise,
estima-se que o setor tenha perdido
mais de 30 mil postos, dos 270 mil
registrados em dezembro passado. A
nossa expectativa é que a pandemia
arrefeça o mais breve possível, para
que possamos voltar à vida normal,
com a economia girando novamente.
Desde o início da crise, a Abicalçados
trabalha com empresas e associações
da cadeia para a mitigação dos impactos
da pandemia no setor, desde orientações
de segurança para operação
segura nas fábricas até o encaminhamento
de pleitos junto aos governos
estaduais e federal, especialmente no
que diz respeito à flexibilização da legislação
neste momento de crise, com
o objetivo de preservação da atividade
e sobretudo dos empregos gerados,
bem como para a criação de linhas de
financiamento/crédito para capital de
giro.”
Haroldo Ferreira
presidente-executivo da Associação Brasileira
das Indústrias de Calçados (Abicalçados)
e disposto, e fazer valer sua condição
favorável neste período de baixas vendas
nas lojas físicas e crescimento das
compras online. Por isso, 2020, ao que
tudo indica, será um ano para o varejo
de calçados esquecer. O foco, agora, é
o planejamento para que o setor possa
recuperar em 2021 o que deixou de
vender em 2020.”
Wesley Barbosa
diretor executivo da Associação Brasileira de
Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac)
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56 • maio | junho