Ed. 318 - completa Maio / Junho - 2020 | Page 56

“ No início do ano, tínhamos uma expectativa de crescimento de 2,5% na produção de calçados, que seria embalada, especialmente, pela recuperação do mercado interno brasileiro, responsável por mais de 85% das vendas do setor. Por conta do impacto da crise provocada pelo avanço do novo coronavírus, refizemos essa expectativa. Para o primeiro semestre de 2020, estima-se uma queda entre 25,2% e 29,7% ante período correspondente do ano passado. Ressaltamos que, para o ano fechado, a estimativa fica prejudicada por conta das incertezas relativas ao avanço da pandemia no Brasil e no mundo. Mesmo que, conforme levantamento da Abicalçados junto a empresas associadas, cerca de 60% das fábricas estejam já em funcionamento (referente ao mês de abril), ainda não existe uma perspectiva de novos pedidos do varejo. Pelo contrário, desde o “ Antes do Covid-19, o mercado vinha reagindo bem. Tudo indicava que seria o primeiro ano de um crescimento um pouco mais forte para o varejo de calçados, assim como para outros segmentos. A Ablac tinha a expectativa de um crescimento entre 4,5 e 5% este ano, o que seria um belo desempenho, tendo em vista que, no anterior, o varejo de calçados cresceu pouco mais 1%. A pandemia mudou tudo, principalmente porque o nosso setor não estava preparado para ter a venda de forma digital. O mercado de sapatos é um pouco diferente do de outros produtos. O consumidor gosta de tocar e experimentar o calçado ao comprar. Além disso, não há um padrão de numeração no Brasil, o que é mais um problema a ser enfrentado. O 34 de uma fábrica é diferente do 34 de outra. O que a Ablac tem feito como associação de lojistas desde o início da pandemia é garantir o emprego, porque as lojas precisarão da mão de obra para a retomada das atividades, seja em qualquer período que ela ocorrer. Hoje (abril), estamos com 97% das lojas fechadas e uma perspectiva de abertura para as próximas semanas em boa parte dos estados, o que deve melhorar um pouco o quadro do setor em nível nacional. Levantamentos da Ablac indicam que o varejo de calçados está, hoje, com uma queda de vendas de 20% em relação ao mesmo período de 2019. Neste cenário de crise, o Dia das Mães, que tradicionalmente é uma das melhores datas de vendas do ano, não deverá ter a mesma força, prevendo-se queda de 13% em relação ao ano anterior. Os próximos meses não deverão apresentar um desempenho capaz de reverter o quadro atual. A retomada das atividades será lenta e as lojas terão que conviver com um consumidor com novos hábitos de compra início da crise foram muitos os cancelamentos e pedidos de postergação de prazos de pagamento, prejudicando o caixa das empresas. As empresas que estão voltando agora, estão operando com capacidade reduzida, para honrar pedidos anteriores. Infelizmente, sem a ponta do varejo em operação, comercializando os nossos produtos, não temos o que produzir, e o quadro atual se impõe. Desde o início da crise, estima-se que o setor tenha perdido mais de 30 mil postos, dos 270 mil registrados em dezembro passado. A nossa expectativa é que a pandemia arrefeça o mais breve possível, para que possamos voltar à vida normal, com a economia girando novamente. Desde o início da crise, a Abicalçados trabalha com empresas e associações da cadeia para a mitigação dos impactos da pandemia no setor, desde orientações de segurança para operação segura nas fábricas até o encaminhamento de pleitos junto aos governos estaduais e federal, especialmente no que diz respeito à flexibilização da legislação neste momento de crise, com o objetivo de preservação da atividade e sobretudo dos empregos gerados, bem como para a criação de linhas de financiamento/crédito para capital de giro.” Haroldo Ferreira presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e disposto, e fazer valer sua condição favorável neste período de baixas vendas nas lojas físicas e crescimento das compras online. Por isso, 2020, ao que tudo indica, será um ano para o varejo de calçados esquecer. O foco, agora, é o planejamento para que o setor possa recuperar em 2021 o que deixou de vender em 2020.” Wesley Barbosa diretor executivo da Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac) FOTOS DIVULGAÇÃO 56 • maio | junho