O turismo no Timor Leste "é uma alternativa ao petróleo" e pode servir de
complemento a grandes destinos regionais como Bali, afirmou à Agência Lusa Christine
Cabasset, economista francesa especializada em turismo na Indonésia e no Sudeste Asiático.
Christine Cabasset defendeu que "o investimento de pequena escala deveria ser o caminho
para o setor turístico timorense". Apesar disso, ela notou que "para o Estado timorense, é
atraente a ideia de começar por grandes projetos e grandes investimentos".
"Por enquanto, nota-se uma distância entre a fraca iniciativa do Estado no setor do turismo e
o dinamismo de certas pessoas que envolveram comunidades locais", relata, destacando que
o trabalho local e da população seria um investimento importante, mas que ainda não foi
feito.
A fragilidade do investimento turístico é confirmada pelo orçamento da Direção Nacional do
Turismo timorense, que ficou em apenas US$ 68 mil em 2006, "incluindo salários", afirma
Christine Cabasset em sua visita ao Timor, país cuja evolução acompanha desde antes de sua
independência definitiva, em 2002.
Ainda assim, Cabasset defende que "é possível afirmar o Timor Leste como extensão ao
destino de massa que é Bali" e salienta que "há nichos importantes de mercado viáveis para o
país". No entanto, para que possam ser explorados, "é preciso assegurar estruturas de
transportes, de alimentação, entre outras".
As atividades de mergulho, o montanhismo e a observação de pássaros são três exemplos de
atividades com potencial turístico no Timor. Para Cabasset, estes são nichos "menos
vulneráveis a flutuações da procura", seja por motivos econômicos, seja por políticos.
Sustentabilidade
Situado em uma das regiões turísticas mais competitivas do mundo, o Timor Leste enfrenta o
desafio de definir quais rumos à indústria turística deve ter no país.
Uma das diretrizes adotadas pelo governo, de acordo com a Política Nacional de Turismo,
lançada em março, é o desenvolvimento de atividades sustentáveis que diferenciem o país de
seus vizinhos. O objetivo é ter, até 2030, o estabelecimento dessa indústria.
Conglomerados internacionais da área hoteleira e de lazer, no entanto, já pressionam
as autoridades locais para permitirem a construção de grandes resorts e cassinos.
A mudança de foco no desenvolvimento do turismo também é vista como estratégia para
alterar a visão que muitas pessoas têm do país: o de um lugar marcado pelas atrocidades da
guerra.
Incluído no projeto de dinamização de energias renováveis e alternativas em Timor-
Leste, o Governo tem já em marcha o plano agro energético, ou seja, a produção de energia a
partir de produtos agrícolas. Este plano divide-se em duas componentes, o cultivo das plantas
oleaginosas e a instalação de destilarias.
Tal como para os restantes programas, para o sistema agro energético a comunidade
beneficiária tem, também, de estabelecer uma cooperativa central, que é financiada pelo
Estado com o intuito de fomentar a sua modernização. “Esta medida permite à sociedade
civil tornar-se um agente registado que trabalha na produção independente, no cultivo de
hortas e na distribuição dos produtos para a comunidade”, explica o Secretário de Estado da
Política Energética, Avelino Coelho.
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