ebook_curadoria_digital_usp.pdf Curadoria Teste - May. 2014 | Page 81

de projeção neste mercado: criar e publicar conteúdo sobre mídias sociais de forma livre nas próprias mídias sociais. A estratégia logo começou a dar frutos e podemos concordar com Liu que diz que “prover um serviço público dialoga com a crescente necessidade de conteúdo curado no mundo online, assim como o crescente valor da curadoria em um mundo conectado”35 (Liu, 2010, p.19). Este valor pode ser percebido especialmente se pensarmos que a relação entre o excesso de informação disponível e a capacidade limitada de consumo pelos indivíduos praticamente pede o papel social curador, que surge naturalmente neste contexto. Podemos falar deste primeiro ¬e-book (Dourado et al., 2010) como uma iniciativa de construção de redes e criação de pontos de contato, desenho de arestas e junção de nós espalhados geograficamente, mas com potencial de proximidade através dos meios digitais. Uma das quatro organizadoras, apesar de brasileira, cursava doutorado em outra universidade e nunca tinha visto pessoalmente os demais. Dentre os outros 15 autores do livro, 13 nunca tinham conversado presencialmente com os organizadores. Porém, os traços on-line e as conexões realizadas permitiram a junção de 19 profissionais que produziram um livro colaborativo e publicado sob a licença creative commons. A seleção de autores, discutida pelos organizadores, levou em consideração o conteúdo on-line já publicado por estes indivíduos e seus históricos profissionais, mas tudo a partir de dados disponíveis na web. Assim, podemos falar de curadoria distribuída não apenas entre os organizadores da publicação, mas através das redes sociais on-line, uma vez que o posicionamento e referências a cada um dos autores escolhidos são construídas por centenas e milhares de outros indivíduos que deixaram rastros em torno destas personas on-line. São comentários, inbound links, postagens, conexões e outros tipos de conteúdos multimidiático, dados e metadados que permitiram que estes laços sócio-intelectuais fossem realizados. No caso do e-book Mídias Sociais e Eleições 2010, convidamos diversos profissionais e pesquisadores diretamente e através de uma chamada de trabalhos para observar o uso das mídias sociais nas eleições brasileiras daquele ano e, posteriormente, escrever um artigo sobre uma subtemática. O objetivo não era produzir um tipo de conteúdo acionável para o evento a ser observado, mas registrar algo visando a preservação de um período visto como único para um determinado grupo. Nesta ocasião, profissionais de comunicação política digital se viram desafiados por um momento mercadológico, comportamental e jurídico que demandou uma presença ativa nas mídias sociais pelo marketing político eleitoral. Buscou-se um panorama documental para beneficiar os profissionais e cidadãos nas futuras eleições, afinal o campo político eleitoral é particularmente avesso à criação de registros. 35 Tradução livre de: “providing a public service speaks to the growing need for curated content in the online world as well as the growing value of curating in a networked world” 81