ebook_curadoria_digital_usp.pdf Curadoria Teste - May. 2014 | Page 54
“No ciberespaço, cada sujeito é efetivamente um potencial produtor de informação: serviços colaborativos de
informação, comunidades, blogueiros ou microblogueiros – que vivem o fato e relatam em suas páginas pessoais”.
(Lemos, 2008, p.3).
A cultura da criação, para Deuze (2009, p.22), está se tornando rapidamente o centro da atividade industrial
e individual na emergente economia cultural globalizada. Para ele (Ibid., p. 23), a mídia sob qualquer formato ou
tamanho, amplifica e acelera esta tendência, pois não apenas consumimos a mídia digital, mas também vivemos
nela. E isso ocorre de tal modo que a nossa “dieta” midiática caminha mais para a produção desta do que para o
simples consumo. A tecnologia é central no trabalho da mídia atual, alerta Deuze (Ibid., p. 31).
Vale aqui utilizarmos a concepção de Castells sobre contrapoder. O autor (2007, p. 239) entende poder como a
capacidade estrutural de um ator social se impor sobre outros. Todos os sistemas institucionais refletem relações
de poder assim como seus limites que são negociados por processos históricos de dominação e contradominação.
Já o contrapoder é visto por Castells (Ibid., p.239) como a capacidade dos atores sociais de desafiar e eventualmente
modificar relações de poder institucionalizadas na sociedade. Em política, credibilidade e confiança são fundamentais
para a tomada de decisão e como consequência, surge um mercado de intermediários que pode proliferar, deturpar,
manipular ou fabricar informações. Podemos estender essa concepção para os usuários-mídia que servem como esse
mercado intermediário entre as organizações, marcas, produtos e a opinião pública. A dinâmica do contrapoder,
para Castells (2007, p. 258), que são novas formas de mudança social e emergência política alternativa, pode se valer
das novas redes de comunicação horizontal específicas da infraestrutura organizacional da sociedade em rede. Os
detentores de poder perceberam que a comunicação digital ganhou força e entenderam que precisam estar presentes
nas comunicações horizontais.
Montardo (2009, p. 4) atribui outra nomenclatura aos usuários-mídia: produsers e prosumers. Bruns & Jacobs (apud
Montardo, 2009, p. 4) apontam que os produsers definem os “usuários de ambientes colaborativos que se comprometem
com conteúdo intercambiável tanto como consumidores quanto como produtores”, fazendo o que os mesmos autores
classificam como produsage (produção ou uso). Já a terminologia prosumer foi primeiramente citada por Tofler (1990)
e significa consumidor profissional em que o retorno de suas necessidades, gostos e impressões das organizações
culminam no desenvolvimento de novos produtos e serviços