E-Vista Ed. 01/Ano 01 | Page 25

om TIAGO TOY de um negócio como qualquer outro? T.T.: Competição na Literatura é, na minha visão, esclarecedora. Ao testemunhar os lutadores (autores, selos e editoras, não importa se pequenos ou grandes) se estapeando por um espaço, fica claro para mim que a valia dada ali é aos responsáveis pelo livro existir, e não ao conteúdo dele. Um texto bom, forte é o único vencedor em uma briga que não existe. Há espaço para todos, bons e medíocres, e nem só os bons permanecem nele. Lamentavelmente há público para ambos. Se é apenas um negócio, deixe-os brigar pelo próprio pão. O livro que de fato vale a pena está ali, quietinho na prateleira, esperando para ser descoberto ou sendo falado pelos que souberam apreciá-lo. EVa: Qual o verdadeiro motivo ou incentivo para realizar suas atividades? T.T.: Se a atividade em questão for a escrita, a inspiração me motiva e o dinheiro a incentiva. Não admiro Poe por ter morrido sem um puto no bolso, delirante, dominado pelo vício. Admiro King por ter vencido o vício e construído um império, conquistado seu público com seu estilo tão criticado e aclamado. Não admiro aquele autor iniciante com muito potencial, mas pouca disposição a esperar. Admiro aquele autor que está há 10 anos no mercado e dois li- vros lançados nesse ínterim, ainda sendo falado, vendido, elogiado e criticado. Arrogância certificadamente excita. Prepotência porosa me broxa. EVa: Autopromoção: você utiliza alguma? Como você divulga seu trabalho ou atividade? T.T.: Eu deixo meu trabalho falar por si. Tudo o que eu tinha que dizer foi dito, impresso e publicado. Eu sou péssi- mo em marketing. Até já tentei fazê-lo e entendê-lo, mas não funcionou. Não passo meus dias tentando bolar sacadas geniais para conseguir curtidas, ou me esforçando para socializar com con- tatos que me trarão centenas de seguidores. Publico o que sinto necessidade de publicar. Me relaciono com quem me identifico. Não meço palavras, não sou apaixonado por edição, sou impa- ciente quanto a maquiar. Entrego o cru. Que comam meu cru. Se gostarem, fascinante, então não sou tão mau. Se detestarem ou (pior) não sentirem nada, joguem no lixo e partam para o próximo. O livre-arbítrio ainda não nos foi negado. EVa: Literatura é um mundo à parte? Deveria ser uma religião mesmo estando presente em todos os assuntos do mundo? Ou Literatura é apenas uma obrigação para o ser humano? T.T.: Literatura é, apenas isso. Não aconselharia torná-la uma religião no sentido manifesto da palavra. Religião julga. Reli- gião mata. Em contrapartida, Literatura preenche, dá vida, se debate, faz pensar, traz a curiosidade, o interesse em descobrir mais, entretém, faz sentir, mascara a solidão, s ilencia a algazarra, faz crescer. Não julgo os que não leem, mas sinto por eles. Conheço o lado bom de cada mundo. Cuido do corpo assim como cuido da mente, e estou em paz com isso. Se você também está, siga seu caminho. Para mim e para você há frutos a serem colhidos à frente. Os sabores, no entanto, serão diferentes, de acordo com as experi- ências vividas. EVa: Mulheres na Literatura. Você respeita ou há algum preconceito? T.T.: Quando o tema é Literatura não há fragilidade nenhu- ma no sexo feminino. Há uma perspicácia elegante, e delicade- za é diferente de fragilidade. Homens, por mais delicados que alguns pareçam, especialmente quando falamos de escritores, ainda são truculentos em suas ideias. Quem inventou a guerra? Um homem. Quem pregou que há raças superiores apenas levando em consideração a cor da pele? Um homem. Quem domina massas de ovelhas temerosas e ignorantes? Um homem, e, por mais incrível que pareça, sem nem mesmo existir. Mulheres são 25 E-Vista