A ROTA DO DRAGÃO
Gradeamento dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento na rua Barão Nova Sintra
Monumento ao Infante D . Henrique , de autoria de Tomás Costa , inaugurado em 1900 . Praça do Infante .
Fonte do Largo de S . Domingos exposta no Parque das Águas
XIX , funcionaram na popularmente designada Casa ou Torre dos 24 que se ergue , junto à catedral , na Rua de S . Sebastião e nas proximidades da castiça Rua Escura . Uma feliz opção de Távora que , assim , integrou o identitário dragão tripeiro em tão simbólico monumento . A implantação da República em 1910 fez , naturalmente , perigar a manutenção do dragão no escudo da cidade . Afinal estava associado à coroa do Duque do Porto e ele próprio simbolizava de algum modo a família real . E a verdade é que nalguns edifícios dos primeiros anos da Primeira República o brasão do Porto não ostentará a coroa e o dragão invicto .
Fonte remontada na Rua do Monte dos Burgos ;
Foi o que aconteceu no Mercado do Bolhão na sequência das profundas obras que aquele espaço conheceu em 1914 com projeto do arquiteto Correia da Silva . Com efeito , sobre a porta do mercado voltada para a Rua Formosa , um interessante conjunto escultórico da autoria de Bento Cândido da Silva apresenta o brasão da cidade , ladeado pelas figuras do Comércio e Agricultura , mas sem a coroa e o dragão . O mesmo aconteceria na Colónia Sanatorial Marítima da Foz do Douro , criada em 1916 pela Câmara Municipal e destinada a acolher , anualmente , centenas de crianças que , junto ao mar , beneficiavam da ação helioterápica
no combate à tuberculose e ao raquitismo . O edifício , ainda hoje existente no Passeio Alegre , apresenta o brasão da cidade desprovido da coroa e do dragão . Todavia , talvez porque , mais do que símbolo da monarquia , a coroa ducal e o seu dragão representavam o espírito da “ Invicta ” e da sua luta pela liberdade e pelo liberalismo , ou apenas porque há muito se encontravam enraizados na cidade , ultrapassados esses primeiros anos da República de novo estes elementos voltariam a surgir nos brasões do Porto . E , desde logo e de um modo muito evidente , no próprio edifício dos Paços do Concelho que , no topo da Avenida dos Aliados , começou a ser erguido a partir de 1920 com projeto de Correia da Silva e que , ladeando a sua varanda nobre , nos apresenta até hoje as velhas armas da cidade com o seu dragão . Também os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento ( SMAS ), criados em 1927 , adotariam o brasão , colocando-o nas suas instalações , como ainda hoje é evidente nos
belos portões herdados pela empresa municipal Águas do Porto , sua sucessora , na Rua do Zaire , e muito especialmente nos gradeamentos da propriedade e do palacete do extenso e belo Parque das Águas , também conhecido como Parque Nova Sintra , antiga propriedade da família britânica Reid que a autarquia expropriou em 1927 para aí instalar a sede dos SMAS , bem assim como o reservatório e central elevadora , concluídos em 1929 . É também na entrada deste parque que podemos contemplar uma das mais belas representações do velho brasão da cidade . Trata-se da parte superior de uma antiga fonte , construída por volta de 1850 , que se localizava no Largo de S . Domingos . Tal imponente estrutura foi desmontada em 1922 tendo sido salvaguardado o escudo do Porto com o seu dragão . Uma outra antiga fonte da cidade , igualmente com tal brasão e respetivo dragão , foi , mais recentemente , remontada na Rua do Monte dos Burgos , próximo do Carvalhido , junto às instalações da empresa municipal Domus Social .
76 REVISTA DRAGÕES JANEIRO 2022