Dragões #401 Abr 2020 | Page 65

65 O andebol não foi o desporto a que esteve exposto no início, mas Miguel Alves acabou cedo por ser contagiado pela modalidade que acabaria mesmo por lhe dar a profissão. Chegou criança ao FC Porto e foi lá que se formou como jogador e homem, ficando vacinado com a mística dos Dragões. O jovem portuense era ainda júnior quando foi testado nos seniores, a poucos meses do heptacampeonato que lhe trouxe o primeiro dos quatro títulos já conquistados de azul e branco. ENTREVISTA de RUI AZEVEDO D epois de um ano e meio de empréstimo à ADA Maia, regressou ao clube do coração para prosseguir uma carreira que não tem sido imune a lesões, a última delas já esta temporada e que o pôs em tratamento mais de quatro meses. No entanto, têm sido mais os bons momentos do ponta direita num plantel portista que esta época ainda estava com mais saúde do que na anterior, a da histórica “dobradinha”, embora tenha visto o mérito ficar de quarentena pela decisão da federação, que devido ao surto do novo coronavírus deu por terminado o campeonato sem atribuir o título aos azuis e brancos, vencedores da primeira fase. Aos 23 anos, Miguel Alves ou Tito, porque alguém achou que ele tinha cara disso, mostra quem é e o circuito que quer seguir numa descontaminada manifestação de portismo. Como apareceu o andebol na sua vida? Jogava futsal e treinava num pavilhão onde treinavam também os juvenis do andebol do FC Porto e às vezes, enquanto esperava pela minha mãe, no final do treino, ficava a ver o andebol até que um dia a minha mãe me sugeriu experimentar esta modalidade. Como já tinha jogado durante um ano polo aquático, podia ser que gostasse e até tivesse algum jeito. Um dia, depois do treino de futsal, fomos pedir informações e disseram-nos que os treinos para a minha idade (infantil) eram na Escola Nicolau Nasoni e lá fui eu experimentar. É um produto da formação do FC Porto. Quão importantes foram os ensinamentos e acompanhamento que recebeu durante esse período para o seu desenvolvimento enquanto profissional? Penso que foram determinantes. Na minha formação, os meus treinadores foram o João Azevedo, Mário Soares, Carlos Martingo, Ricardo Moreira e Ricardo Costa. Acho que não era possível pedir melhor e, se assim não fosse, talvez não tivesse chegado até aqui. Tenho uma consideração enorme por todos eles e agradeço por tudo o que me ensinaram e por terem apostado em mim. O percurso nas camadas jovens do FC Porto também serviu para a sua formação enquanto homem, ou seja, sente que adquiriu a chamada mística, os valores que caracterizam o clube? Apesar de achar que a verdadeira mística não se ensina, ou seja, já está dentro de nós, sinto que o facto de já estar há tanto tempo ligado ao FC Porto fez com que essa dita mística fosse cada vez maior e mais forte, sobretudo tendo em conta que fui crescendo no clube na altura em que os seniores ganharam sete campeonatos seguidos e eram um exemplo para todos. Estreou-se pela equipa principal do FC Porto ainda como júnior, em janeiro de 2015, frente ao Boa Hora, num encontro da Taça de Portugal. Imagino que seja um momento de que nunca se vai esquecer… Sem dúvida! Era o meu primeiro ano de júnior e nessa época tive a oportunidade de fazer parte da equipa sénior na época em que fomos heptacampeões, o que me deixa ainda mais satisfeito. Treinava com eles todos os dias e isso também facilitou essa estreia. O primeiro jogo no Dragão Arena também foi algo que me marcou imenso. Na época 2015/16, foi emprestado à ADA Maia e pôde ganhar experiência no maior campeonato nacional. Era a transição de que precisava para poder ganhar espaço na equipa principal do FC Porto? Sim, era a melhor opção a tomar. Acho que ainda não tinha experiência e qualidade suficientes para ser o segunda ponta direita de uma equipa como o FC Porto, ainda para mais com a vinda do António Areia nessa época. Por isso, jogar na primeira divisão, numa equipa com outros objetivos, seria muito benéfíco para mim. Regressou ao clube em janeiro de 2017. Quando voltou ao FC Porto já era um jogador muito mais evoluído do que aquando do empréstimo? Sinto que evoluí bastante, mas não tanto como gostaria. Infelizmente, na primeira época ao serviço da ADA Maia lesionei-me com REVISTA DRAGÕES ABRIL 2020